Empresa Notox adquire fluido de corte à base de óleo de mamona

Dentro de algumas semanas o produto estará disponível para algumas empresas 

Fonte: CIMM - 12/11/07
Foto: Divulgação

A Notox, empresa fabricante de lubrificantes industriais a base de fontes renováveis, assinou contrato de licenciamento da patente "Fluído de corte para retificação à base de óleo de mamona”.

Voltada aos segmentos de metalurgia, lubrificantes de graduação alimentícia e náutico-aeronáutica, a Notox desde abril mantém contato com a Agência USP – Inovação. “Temos a minuta do contrato de licenciamento já aprovado, estamos aguardando somente a formalização pela reitoria da USP”, diz o diretor executivo Gustavo Luchessi.   

A nova tecnologia é fruto do projeto de doutorado “Novo Fluido de Retificação Ambientalmente Adequado” feito pelos pesquisadores Salete Alves e João Fernando de Oliveira, da Escola de Engenharia de São Carlos (EESC), Universidade de São Paulo (USP).

“Você pensar num problema industrial e idealizar uma solução, depois verificar que além da solução testada no laboratório ser viável, ela desperta interesse nas empresas em tornar negócios, nos dá muita satisfação. Isso cria um ciclo interessante, onde a pesquisa gera soluções que geram recursos, idéias e fomentos para mais pesquisa e inovação. Estamos muito felizes”, diz o coordenador do projeto e do Instituto Fábrica do Milênio, João Fernando Oliveira.

Segundo o pesquisador, o mercado necessitava de fluidos que oferecessem bom desempenho, principalmente na retificação com CBN, onde os rebolos são muito caros e o desgaste da ferramenta deve ser mínimo. O problema é que o melhor fluido (em termos de desempenho) é o óleo integral de origem mineral, que é altamente poluente. "Com esta motivação buscamos uma fórmula que combinasse alta viscosidade (pela alta concentração de óleo vegetal), excelente desempenho no processo de usinagem e ao mesmo tempo uma boa adequação ambiental", explica Oliveira.

O processo


O novo fluido de corte é desenvolvido a partir de uma mistura de compostos químicos com características distintas, com base em óleo de mamona sulfonado (Liovac 80) e mais três aditivos: um bactericida, um anticorrosivo e um agente emulgador. O produto já é empregado em testes de campo, em indústrias de manufatura, com resultados promissores quanto ao seu desempenho mecânico (eficácia na retificação de peças) e à sua adequação ambiental (capacidade de degradação natural).

Além de ser biodegradável, o novo fluido utiliza menor variedade de aditivos, apenas três, enquanto a maioria das formulações comercial usa em torno de dez tipos. Além disso, há facilidade de preparação e menor periculosidade de uso e descarte.

O projeto existe desde 2005 e os experimentos foram conduzidos no laboratório com rebolos de CBN em parceria com a empresa Saint Gobain (fabricante de rebolos). "Fizemos também testes para verificar a afinidade de componentes do fluido com os materiais dos rebolos e das peças. Os resultados foram muito bons. Conseguimos quase o mesmo desempenho do óleo mineral integral com um fluido ecológico e a base de água (emulsão em água)", afirma o coordenador do projeto.

Apoio à Pesquisa

  A Notox em parceria com a EESC/USP desenvolveu uma série de testes de algumas variantes do fluido de corte com alta concentração de óleo de mamona. Os testes já estão em fase final e buscam a utilização em processos de retificações mais simples e usinagens em geral, com concentrações menores e comercialmente mais competitivas.

  “O fato de estarmos licenciando um produto desenvolvido na USP, de podermos contar com uma parceria sólida com a EESC, faz com que nós da Notox nos sintamos com segurança em fomentar pesquisas na área”, comenta Lucchesi.
 
Meio ambiente


A preocupação ambiental e social das grandes e médias empresas cresce cada vez mais, a questão problemática é que nem sempre os “produtos ecológicos” são mais eficientes, em termos de aplicabilidade, do que os tradicionais do mercado.

“O que realmente nos chamou atenção foi o fato de que, finalmente, no que se refere ao processo de retificação de metais extra duros utilizando rebolos de CBN, se descobriu um fluido de corte tão eficiente quanto o fluido de base mineral e integral, mais eficiente que os sintéticos de primeira linha, mas que não polui o meio ambiente, não tóxico para os operadores e utilizando matéria-prima e tecnologia 100% nacional. É a cara da Notox”, diz o diretor executivo.

Com a nova tecnologia a empresa espera expandir sua linha de produtos seguindo o modelo de parceria com instituições de pesquisa. Lucchesi afirma que há interesse no desenvolvimento de propriedade intelectual na área de lubrificantes industriais à base de fontes renováveis, não tóxicas, não agressivas ao meio ambiente e, de preferência, a partir de matéria-prima brasileira.  “Isso sem abrir mão da alta eficiência de aplicação que o mercado demanda”, afirma Lucchesi.

Mercado


Os benefícios são visíveis tanto para as empresas quanto ao meio ambiente, tendo alta projeção no mercado. "Esse fluido ainda pode ser mais desenvolvido e com diferentes diluições podendo substituir fluidos sintéticos em operações de torneamento, furação e outras", diz Oliveira.

Segundo o diretor executivo da Notox, a partir de algumas semanas o produto estará à disposição de determinadas empresas.  Como a demanda é muito grande, a empresa está cadastrando algumas empresas que consomem grande quantidade de fluido de corte, no sentido de oferecer não só o produto, mas também, assistência técnica profissional e acompanhamento do descarte do produto (processo de grande interesse para a Notox).

“Nosso mercado alvo está altamente receptivo para o nosso produto. Porque uma empresa não iria querer utilizar um fluido de corte que é tão eficiente quanto os melhores fluidos de base mineral e sintética do mercado?”, diz Lucchesi.

E ressalta, “o produto não é tóxico para os seus operadores, tem o descarte facilitado, facilita em muito o processo de certificação ambiental da empresa, pagam-se royalties para universidades e pesquisadores brasileiros, além de contribuir com a agricultura familiar do nordeste brasileiro e ser um produto considerado amigo do meio ambiente”.

Já o coordenador do projeto acredita que para a sociedade melhorar é preciso que o desenvolvimento industrial e empresarial caminhe junto. “A sociedade, em geral, ganha muito com isso. Quanto mais empresas estiverem indo bem, melhor para o país. Quanto mais inovação, mais qualidade. E outra, a universidade, principalmente na área de tecnologia precisa interagir com as empresas, senão o país não se desenvolve”.

Mais informações pelo e-mail [email protected]

  

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