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O programa Rota 2030 chega ao primeiro período de renovação com metas cumpridas e se prepara para um novo ciclo de inovações. Desde 2018, quando foi instituído, os investimentos no programa reduziram em 12%, na média geral, o consumo dos veículos fabricados no Brasil. Essa redução inclui não só o consumo de combustível, mas também a parte elétrica, tornando o veículo mais eficiente, com menos gastos e desgaste de equipamentos. Além disso, novos componentes de segurança veicular foram introduzidos.
O programa é uma parceria entre o governo federal e o setor produtivo para incrementar a indústria automobilística nacional. Esse programa deve durar 15 anos, mas precisa ser renovado a cada cinco anos para se adequar à legislação. Para que as melhorias se concretizem, prevê-se uma isenção de tributos e os recursos que seriam pagos ao governo são investidos em pesquisa e desenvolvimento (P&D), em parceria com universidades ou centros de pesquisa.
A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) definiu cinco grupos de trabalho que dialogam com o governo para definir as próximas etapas do projeto.O setor automotivo defende o prosseguimento do modelo de desonerações para financiar pesquisas em novas tecnologias.
O primeiro grupo busca definir as novas metas e incentivos para P&D. O segundo discute novos parâmetros de eficiência energética para veículos leves. Outro grupo trata dos novos objetivos de eficiência para veículos pesados. O quarto procura maneiras para melhorar a segurança veicular. Por fim, a quinta equipe dá seguimento às conversas sobre os investimentos destinados aos projetos e programas prioritários (PPPs) para aprimorar a indústria.
O sucesso do programa também é evidenciado por outros resultados dos primeiros anos. Foram realizadas 260 consultorias de lean, um processo de gestão industrial que proporciona avanços nas etapas de produção e elimina desperdícios e mais de 500 avaliações de maturidade tecnológica. Ao todo, 372 empresas que atuam direta ou indiretamente no setor automotivo foram impactadas pelo Rota 2030 até o momento.
O advento de tecnologias como o 5G e os carros híbridos, que misturam combustíveis fósseis, biocombustíveis e eletricidade, por exemplo, exige um planejamento complexo.
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“Carros elétricos vão demandar mais energia. Estamos prontos para assimilar esse consumo? O 5G vai ajudar na ampliação dos carros autônomos. Temos pontos de conexão nas rodovias preparados para isso?”, questiona o diretor de Tecnologia e Inovação do SENAI, Jefferson Gomes.
Para ele, as próximas etapas do Rota 2030 precisam envolver o que ele chamou de “externalidades” — que são os setores e as empresas com os quais a indústria automotiva tem interface e que interagem entre si, aumentando a competitividade.
Um dos parceiros que pode ajudar a dar um salto tecnológico é a Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (EMBRAPII). Ela capta recursos junto aos ministérios e custeia parte das pesquisas que a indústria precisa fazer. “Tradicionalmente, oferecemos financiamentos de até 30% do projeto de pesquisa”, afirmou o coordenador de planejamento e relações institucionais da instituição, Luciano de Souza.
Contudo, os próximos passos demandam expansão das margens. A empresa reservou R$ 40 milhões para o desenvolvimento de novas rotas tecnológicas em temas estratégicos para o setor, na modalidade de fomento Basic Funding Alliance (BFA). A ideia é promover a inovação aberta, com alianças entre empresas, startups e unidades EMBRAPII no desenvolvimento de “tecnologias de fronteira”. Nesses casos, por haver grandes riscos tecnológicos, os aportes financeiros podem ser significativamente maiores, chegando a 90%.
Para Luciano, uma das limitações do Rota 2030 é a necessidade da revisão de planejamento a cada cinco anos. “Grande parte dos projetos dessa primeira fase foi incremental. Com mais tempo, teremos oportunidade de desenvolver projetos mais estruturantes, transversais, com maior impacto no setor como um todo”, sugeriu Luciano.
Para o início da próxima fase do Rota 2030, é necessária a edição de uma Medida Provisória (MP) pelo presidente da República e sua aprovação no Congresso Nacional para que a iniciativa se torne lei.
“Queremos fechar todas as questões pendentes para que a MP seja votada ao longo do segundo semestre e o programa esteja em vigor no início de 2023”, afirmou o diretor técnico da Anfavea, Henry Joseph Júnior.
Henry lembra que o programa envolve não apenas montadoras, mas também fabricantes de peças, universidades e institutos de pesquisa. Essa colaboração permite avanços na indústria em um cenário no qual os consumidores exigem, cada vez mais, veículos sustentáveis e eficientes.
Para Jefferson Gomes, o Rota 2030 tem uma boa concepção de renúncia fiscal, cujo percentual varia de 2% a 18% sobre o produto importado, para investir em ciência e tecnologia. “Com isso, conseguimos um montante de R$ 1 bilhão em pesquisas tecnológicas”, diz Jefferson. “Estamos falando de uma cadeia extensa de desenvolvimento regional, que envolve pessoas, serviços e impacta diversas outras indústrias", complementa.
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