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O setor automotivo tem mostrado força de retomada e evolução em 2022. No cenário nacional, para o triênio 2022-2025, a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) declarou que a tendência é de movimentos positivos em toda a cadeia automotiva. No Paraná, três grandes empresas automobilísticas – Renault, Volvo e Audi – anunciaram novos investimentos, que têm impacto direto na evolução da indústria e na economia do estado.
Como explica Marcelo Alves, economista do Sistema Fiep, o Paraná vem ganhando em participação e protagonismo ao longo dos anos no segmento. No estado, estão instaladas indústrias de todos os níveis de fornecimento da cadeia automotiva. Para se ter uma ideia da evolução, de acordo com um levantamento da Fiep, entre 1990 e 2019, o número de veículos produzidos aumentou 97 vezes: passou de 4,5 mil unidades em um ano para 442,7 mil e chegou ao patamar de 2º maior fabricante do país de automóveis, caminhões e picapes.
Em 2020, assim como quase todos os setores, o automotivo sentiu consideravelmente o impacto da pandemia. A recuperação, em nível nacional, começou no 4º trimestre e continuou no ano seguinte, com algumas paradas devido à falta de insumos, principalmente de semicondutores, que são utilizados para a condução de correntes elétricas e continuam com oferta considerada escassa.
Já em 2022, passou a ter resultados mais relevantes e tem apresentado recuperação na produtividade. Segundo balanço da Anfavea, a produção de veículos cresceu 6,8% em maio na comparação com o mesmo mês de 2021. Foram fabricadas 205,9 mil unidades, o que também representa um aumento de 10,7% em relação a abril. Em junho, houve uma pequena queda de 4,8% na comparação com maio e de 2,4% em relação ao mesmo período do ano anterior.
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Com isso, a expectativa atualizada da Associação é fechar o ano com 2,34 milhões de unidades, alta de 4,1% sobre 2021. Para vendas internas, deve chegar a 2,14 milhões de autoveículos licenciados, crescimento de 1%. A expectativa para exportação é de 460 mil unidades embarcadas até o fim do ano, o que representa uma alta considerável: 22,2% em relação ao ano anterior.
Atento às necessidades e às tendências do setor no estado, o Sistema Fiep tem estruturado uma série de iniciativas de apoio ao seu desenvolvimento. O Conselho Setorial Automotivo da instituição é responsável por avaliar e debater as questões atuais de novas tecnologias para proporcionar à cadeia automotiva conhecimento e pré-disposição para projetos inovadores que estão por vir, a partir da participação de especialistas público-privados. Esse trabalho contribui diretamente com os avanços e um exemplo deles são os investimentos recentemente anunciados por Audi, Volvo e Renault, que já estão instaladas no estado.
“Estas empresas europeias avançam em novas tecnologias e a chegada desses novos investimentos no Brasil trazem novidades que fazem a Fiep refletir sobre como se preparar para o futuro, contando com a ótima estrutura existente, material e pessoal”, comenta Carlos de Paula, membro do Conselho e coordenador de Direção de Relações Institucionais e Governamentais da Renault do Brasil.
Produzindo no Brasil há mais de 23 anos, a Renault do Brasil conta com quatro fábricas no complexo Ayrton Senna, em São José dos Pinhais (PR): a de veículos de passeio (CVP), a de comerciais leves (CVU), a de motores (CMO), além da fábrica de injeção de alumínio (CIA). No final de junho, a empresa anunciou que vai investir R$ 2 bilhões na fábrica de São José dos Pinhais (PR). O valor será aplicado para a produção de uma nova plataforma, a CMF-B, a qual permite a chegada de novos produtos no futuro, de um novo SUV e de um novo motor 1.0 turbo no Complexo Industrial Ayrton Senna.
“Com este anúncio de investimentos, o Renault Group reafirma a importância estratégica do mercado brasileiro para o grupo. Estamos preparando o futuro com a chegada de novos produtos, que irão atender o mercado interno e também exportação”, afirma Ricardo Gondo, presidente da Renault do Brasil.
Após um breve período de interrupção para atualização do portfólio de modelos, que exigiu adaptação e atualização, a Audi anunciou um investimento de R$ 100 milhões para retomar a produção de veículos na fábrica de São José dos Pinhais (PR). A expectativa é de geração de 200 postos de trabalho, entre diretos e indiretos, quando a fábrica estiver operando com capacidade integral. Neste primeiro momento, está com 1/3 da capacidade.
“Nós investimos na atualização e modernização da linha de produção dos novos Q3 na fábrica para a produção dos veículos em regime Semi Knock Down (SKD), um modelo de produção extremamente eficiente e tecnológico, focado em mercados de baixo volume e altamente utilizado mundialmente, sobretudo em segmentos de veículos premium, para os quais é desafiador encontrar fornecedores locais para veículos com baixo volume de produção e características tão específicas”, explica Antônio Calcagnotto, responsável por assuntos institucionais e Sustentabilidade na Audi do Brasil.
A Volvo divulgou o investimento de R$ 1,5 bilhão na fábrica instalada em Curitiba (PR), para o desenvolvimento de novos produtos e serviços, nos segmentos de caminhões, ônibus, equipamentos de construção, motores marítimos e industriais, além de serviços financeiros, no período de 2022 a 2025. Há anos, a Volvo é líder no mercado brasileiro de caminhões pesados e seu modelo FH 540 é o caminhão mais vendido do Brasil, dentro de todas as categorias e marcas do mercado. Atualmente, a empresa tem um quadro de 4.300 colaboradores diretos – maior que antes da pandemia.
Além desses investimentos, as novidades que impulsionam o setor também são motivadas por obstáculos vividos pela cadeia global, que têm sido transformados em oportunidades para o setor no Paraná. Foram diversos desafios nos últimos anos, como pandemia, eventos climáticas em diferentes locais do planeta e, mais recentemente, a guerra na Ucrânia.
Esse conjunto desfavorável para o todo faz surgir necessidades e, com elas, novas chances de negócios. Nesse sentido, a indústria nacional tem estudado a possibilidade de produzir localmente componentes importados que tiveram o fornecimento prejudicado, a partir do que pode ser viável, como chicotes elétricos produzidos no Paraná.
Neste ano, até o mês de junho, o setor automotivo já está na quinta posição em relação aos produtos paranaenses exportados. Os principais destinos são Argentina, Colômbia e México. Contudo, devido ao contexto global e às mudanças de fornecimento por questões geopolíticas, existem boas expectativas de melhorias e maior volume nas negociações com outros mercados consumidores, como os Estados Unidos, impulsionadas pelo fator da guerra e também pelo pelos lockdowns adotados pelo governo chinês, que provocam graves problemas de logística.
Além disso, como destaca o economista da Fiep Marcelo Alves, de acordo com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), há mudanças globais que impactam esse cenário no quesito sustentabilidade, uma vez que é preciso oferecer respostas satisfatórias aos efeitos das mudanças climáticas e de segurança energética. Esse também é um dos direcionamentos do investimento anunciado pela Volvo, que prevê novos produtos e serviços, com foco na sustentabilidade/descarbonização, conectividade e digitalização.
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