Metalurgia do pó avança em novos nichos de mercado

Fonte: Associação Brasileira de Metalurgia e Materiais - 01/11/07

Devido às vantagens econômicas e ambientais, a metalurgia do pó tem grande potencial para ocupar cada vez mais espaço em novos nichos de mercado, além de ampliar presença na indústria automobilística e de eletrodoméstico, onde a tecnologia já é consagrada para a produção de peças.

“Em comparação com os processos convencionais, como usinagem ou fundição, a metalurgia do pó requer menos energia e aproveita melhor a matéria-prima, da ordem de 97%”, explicou o doutor em Materiais, Lúcio Salgado, aos participantes do 1º Workshop – Metalurgia do Pó realizado dia 30 na sede da ABM.

Também conhecida por sinterização, a tecnologia possibilita o controle da densidade do material (ferroso e não-ferroso), resultando em maior resistência mecânica, segundo o engenheiro e diretor da empresa Metallum, que apontou outro diferencial: a possibilidade de controlar a porosidade. “Único processo que faz isso”, enfatizou.

Visando detalhar e disseminar as vantagens da tecnologia, atendendo dos objetivos do workshop, Lúcio Salgado fez um histórico do processo, falou das várias técnicas utilizadas e aplicações aos 72 participantes do evento.

Os principais campos para a metalurgia do pó são as peças estruturais para médio e grande consumo, como compressores herméticos, mancais auto lubrificantes (usados nos motores eletrodomésticos), filtros sinterizados e materiais magnéticos. “Todo o processo visa melhorar a densidade e o desempenho mecânico, a um baixo custo e com qualidade comparável, e muitas vezes superior, aos fundidos e usinados”.

Para exemplificar, Salgado citou casos de conversão com resultados técnicos e econômicos altamente positivos. "Uma biela forjada por sinterizada, além de reduzir aproximadamente 15% do custo, resulta em melhor homogeneidade da microestrutura e maior resistência à fadiga. Numa engrenagem, a redução de custo é de 40%, porque diminui a etapa de usinagem e elimina o tratamento térmico. Nos mancais, a redução é de 20%, com eliminação de usinagem e redução de fraturas”.

Ao falar sobre o desenvolvimento mundial da metalurgia do pó, Claudinei Reche, presidente da Höganäs América do Sul, destacou que a tecnologia tende a avançar sobre os usinados na fabricação de peças também em função do menor impacto ao meio ambiente, uma vez que utiliza sucata, provoca baixos índices de poluição (usa elementos de liga menos agressivos), além de reduzido consumo de energia e melhor utilização da matéria-prima.

Ele se baseia em estudos realizados pela empresa sueca, em todas as etapas do processamento da metalurgia do pó, desde a extração mineral até o produto final, que apontam vantagens ambientais em relação aos processos convencionais.

“O estudo traz informações interessantes para a tomada de decisões futuras”, sugeriu ele, mostrando um gráfico em que uma peça em aço convencional consome 13 MJ de energia, enquanto em aço sinterizado é de 5 MJ. Ou seja, menos da metade”.

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