Fonte: Abiodiesel - 17/10/07
Empresas japonesas que emitem grandes quantidades de gases-estufa deverão aumentar suas compras de créditos de carbono de projetos de países em desenvolvimento, com destaque para a agricultura brasileira. A combinação de um forte terremoto em julho - que desativou uma importante usina nuclear do país, sobrecarregando as termelétricas - e o calor recorde deste verão em Tóquio (39°C) elevaram o consumo de energia no país para o maior patamar desde a Segunda Guerra.
Na semana passada, a Federação de Companhias de Energia Elétrica do Japão (FEPC) anunciou sua intenção de incrementar em 70% as aquisições de créditos de carbono para o período de 2008-2012, frente às compras do ano passado. Passaria dos atuais 70 milhões de toneladas de CO2 para 120 milhões.
Segundo Hajime Uchida, gerente-geral do Departamento de Meio Ambiente do Banco Sumitomo Mitsui Brasileiro, os projetos de co-geração com bagaço de cana são especialmente atraentes para os empresários japoneses. "No futuro breve estaremos importando etanol do Brasil. Esse seria um primeiro contato", disse. Ele destaca também o interesse por projetos de PCHs (pequenas centrais hidrelétricas), dado o know-how que os japoneses têm no setor elétrico.
O banco prepara seu segundo "pacote" de empresas brasileiras aptas a oferecer projetos ao Japão. A primeira experiência ocorreu em dezembro de 2006, com dez projetos e a comercialização de cerca de 2 milhões de créditos para o grupo de energia Chugoku Eletric Power, de Hiroshima. Agora, o braço brasileiro do Sumitomo estima agrupar mais empresas, de pequeno e médio porte, e chegar à marca de 6 milhões de créditos.
"O benefício do Protocolo de Kyoto tem que atingir as pequenas empresas", diz Uchida. "E um ponto que eu sempre destaco para os japoneses é que o Brasil está fazendo a coisa direito, com preocupação com a sustentabilidade. Isso é importante para nós. Queremos manter a filosofia de Kyoto".
Há 17 anos no grupo, Uchida realizou a primeira venda mundial de carbono do Sumitomo Mitsui, o que lhe rendeu elogios da matriz e culminou com a criação do departamento de meio ambiente no Brasil em 1º de janeiro deste ano.
Em agosto, outro grande banco japonês anunciou interesse por projetos brasileiros. O JBIC (Banco do Japão para Cooperação Internacional) lançou em parceria com o Unibanco uma linha de financiamento de US$ 50 milhões destinada exclusivamente a projetos que resultem na venda de créditos de carbono para empresas japonesas.
O Japão é um dos países desenvolvidos que, sob as regras do Protocolo de Kyoto, é obrigado a reduzir em 5% suas emissões de gases do efeito estufa até 2012, tomando como base os níveis de 1990. O país ainda não atingiu essa meta.
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