Fonte e foto: Agência Sebrae de Notícias - 25/10/07
O Rio Grande do Sul terá energia dos ventos com tecnologia própria em dois anos. A previsão é do professor Luís Alberto Ruchel do Centro Tecnológico e de Formação Profissional do Colégio Evangélico de Panambi. Ele é um dos coordenadores do projeto de pesquisa que recebe apoio da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) do Governo Federal, Universidade Federal de Santa Maria e a Metalúrgica Fratelli, localizada na cidade de Santa Rosa, esta última com interesse comercial no sistema.
O Colégio Evangélico de Panambi está presente no Salão de Energia da Mercopar (Feira de Subcontratação e Inovação Industrial), aberta terça-feira (23) ao público nos pavilhões da Festa da Uva em Caxias do Sul. O evento termina na sexta-feira (26).
As pesquisas coordenadas pelo professor Ruchel estão avançadas. Elas começaram há oito anos por meio da construção de uma turbina de um metro de diâmetro, com capacidade de abastecer um pequeno rádio de pilha. Depois, evoluíram para turbinas de três e cinco metros de diâmetro, as quais podem, respectivamente, gerar 300 watz e 1500 watz de energia acumulada em baterias.
Para o ano que vem a previsão é finalizar a montagem de uma turbina eólica com 12 metros de diâmetro com capacidade de gerar 100 quilowatz de eletricidade captada dos ventos. Quando o equipamento estiver pronto, os pesquisadores pretendem ligá-lo à rede de geração de energia de Giruá, no noroeste gaúcho.
Segundo Ruchel, o Sebrae poderá se constituir num parceiro futuro do Colégio Evangélico de Panambi para construção de usinas e mini-usinas eólicas. “Já temos parcerias com o Sebrae em conjunto com a Finep e essa é uma possibilidade real porque o mapa eólico de que o Rio Grande do Sul dispõe torna-o o único estado com ventos capazes de gerar energia em seu interior. O Nordeste só tem essa possibilidade no litoral”, comparou Luís Alberto Ruchel.
O aluno-pesquisador Fernando Abentroth explica que as atuais configurações de turbinas já poderiam ser empregadas na construção de mini-usinas em pequenas propriedades rurais. Ele salientou que o Centro Tecnológico em Panambi conta com um sofisticado túnel de ventos capaz de promover o melhor cálculo de ângulo das pás das turbinas eólicas. Com isso, o desenvolvimento dos equipamentos é inteiramente nacional, sem qualquer dependência de patentes industriais estrangeiras.
Também participa do salão o laboratório de energia dos ventos da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS). Diferente do centro tecnológico de Panambi, o foco da instituição não é exatamente a produção de geradores de energia dos ventos, embora já tenha desenvolvido alguns modelos experimentais, mas sim pesquisar as tecnologias de ensaios capazes de apontar as regiões com potencial de gerar essa forma de energia limpa.
O laboratório da PUC projeta e desenvolve os chamados anemômetros, os quais medem as velocidades e as direções dos ventos e mostram onde é possível e onde não é aplicável a produção de energia eólica. Esses equipamentos servem também para a regulagem e manutenção de turbinas.
Como explica o pesquisador Gabriel Simioni, as turbinas se movimentam de acordo com velocidade e a localização dos ventos. Para produzir energia uma região precisa manter ventos constantes de 11 metros por segundo em média. “O anemômetro é o velocímetro da turbina eólica”, exemplifica Simioni.