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Depois da Mercedes-Benz, que decidiu encerrar a produção de automóveis na fábrica de Iracemápolis (SP), em dezembro, a Ford anunciou nesta segunda-feira (11) que irá deixar de produzir carros no Brasil. A Ford Brasil encerrará a produção nas plantas de Camaçari (BA), Taubaté (SP) e da Troller, em Horizonte (CE), durante 2021, à medida em que a pandemia de Covid-19 amplia a persistente capacidade ociosa da indústria e a redução das vendas, resultando em anos de perdas significativas, de acordo com comunicado à imprensa. A companhia manterá no Brasil a sede administrativa da América do Sul, o Centro de Desenvolvimento de Produto e o Campo de Provas.
De acordo com a BBC, em média, cerca de 5 mil pessoas perderão seus empregos diretos, o cálculo não prevê a cadeia indireta. A decisão vem de uma reestruturação dos negócios da empresa na América do Sul.
"Esta decisão ocorre uma vez que a Ford está ativamente avaliando seus negócios em todo o mundo, incluindo a América do Sul, fazendo escolhas e alocando capital de forma a avançar em seu objetivo de atingir uma margem corporativa de EBIT de 8%, gerando um forte e sustentável fluxo de caixa. O nível de lucratividade é crítico para aumentar a capacidade de competir de forma eficiente e, também, para investir em serviços e veículos eletrificados e conectados, que definirão nosso futuro", explixou Lyle Watters, presidente da Ford América do Sul e Grupo de Mercados Internacionais, em comunicado para o time da Ford América do Sul.
A Ford afirma que começará a trabalhar imediatamente com os sindicatos e outros parceiros em medidas que ajudem a minimizar o impacto da descontinuidade dos negócios no Brasil. Segundo o comunicado da empresa, desde a crise econômica em 2013, a Ford América do Sul acumulou perdas significativas, precisando do suporte de caixa da matriz global.
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“A Ford está presente há mais de um século na América do Sul e no Brasil e sabemos que essas são ações muito difíceis, mas necessárias, para a criação de um negócio saudável e sustentável”, disse Jim Farley, presidente e CEO da Ford. “Estamos mudando para um modelo de negócios ágil e enxuto ao encerrar a produção no Brasil, atendendo nossos consumidores com alguns dos produtos mais empolgantes do nosso portfólio global. Vamos também acelerar a disponibilidade dos benefícios trazidos pela conectividade, eletrificação e tecnologias autônomas suprindo, de forma eficaz, a necessidade de veículos ambientalmente mais eficientes e seguros no futuro”.
A produção será encerrada imediatamente em Camaçari e Taubaté, mantendo-se apenas a fabricação de peças por alguns meses para garantir disponibilidade dos estoques de pós-venda. A fábrica da Troller em Horizonte continuará operando até o quarto trimestre de 2021. Como resultado, a Ford encerrará as vendas do EcoSport, Ka e T4 assim que terminarem os estoques. As operações de manufatura na Argentina e no Uruguai e as organizações de vendas em outros mercados da América do Sul não serão impactadas.
Daqui para frente, a empresa irá se concentrar no portfólio de produtos nos "pontos fortes globais", com a Ranger e a Transit, e continuará atendendo a região com "produtos-chave", como Mustang, Bronco, Territory, entre outros.
Em decorrência desse anúncio, a Ford, que iniciou sua produção no Brasil em 1920, prevê um impacto de aproximadamente US$ 4,1 bilhões em despesas não recorrentes, incluindo cerca de US$ 2,5 bilhões em 2020 e US$ 1,6 bilhão em 2021. Aproximadamente US$ 1,6 bilhão será relacionado ao impacto contábil atribuído à baixa de créditos fiscais, depreciação acelerada e amortização de ativos fixos. Os valores remanescentes de aproximadamente US$ 2,5 bilhões impactarão diretamente o caixa e estão, em sua maioria, relacionados a compensações, rescisões, acordos e outros pagamentos, segundo a montadora.
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