Produção de veículos cai 31,6% em 2020 e recua 16 anos por conta da pandemia, diz Anfavea

A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) divulgou hoje os números do fechamento de 2020, fortemente impactados pela pandemia que interrompeu um ciclo de três anos de recuperação após outra crise, a de 2015/2016. A entidade divulgou também suas projeções para 2021, com crescimento moderado sobre o ano anterior, ainda insuficiente para recuperar os patamares de 2019.

O último mês foi o melhor em vendas de autoveículos no ano (243.967 unidades), com média diária de 11,6 mil unidades. Mas na comparação com 2019, apenas fevereiro de 2020 teve média de vendas superior, apesar da recuperação de mercado verificada no segundo semestre.

A produção de 209.296 unidades em dezembro foi uma boa surpresa, apesar de todos os desafios logísticos, das limitações de insumos e dos protocolos sanitários. "A indústria fez um grande esforço para atender a demanda, trabalhando aos finais de semana e suspendendo parte das férias coletivas, mas entra em 2021 com os estoques mais baixos de sua história, suficientes apenas para 12 dias de vendas", ressaltou o Presidente da Associação, Luiz Carlos Moraes.

No acumulado do ano, os números apresentaram quedas acentuadas, mas não tão drásticas como se projetava no início da pandemia. A grande injeção de recursos emergenciais na economia e a força do agronegócio ajudaram a amenizar as perdas do segundo trimestre, quando boa parte das fábricas e lojas permaneceram fechadas. As vendas ao mercado interno fecharam com 2.058.437 unidades, queda de 26,2%, recuando ao patamar de 2016, auge da última crise econômica brasileira.

A produção de 2.014.055 autoveículos encolheu 31,6%, deixando a indústria automobilística com uma ociosidade técnica de quase 3 milhões de unidades. No ranking global, deveremos ser superados pela Espanha (dados provisórios), caindo para a nona colocação. Já as exportações de 324.330 de unidades foram as piores desde 2002, um retrocesso de quase duas décadas. Em valores, a receita de US$ 7,4 bilhões foi menos da metade do que se exportou em 2017 (US$ 15,9 bilhões).


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O segmento de caminhões, impulsionado pelo agronegócio e pelo crescimento do e-commerce, foi o que teve as menores perdas entre os autoveículos, com queda de 11,5% nos licenciamentos em relação a 2019. Comerciais leves caíram 16%, automóveis 28,6% e ônibus 33,4%. Já as máquinas agrícolas e rodoviárias venderam 7,3% mais que no ano passado.

Projeções de crescimento ainda exigem cautela

A Anfavea também apresentou suas estimativas para o setor neste ano. A entidade prevê aumento de 15% no licenciamento de autoveículos, 9% nas exportações e 25% na produção, índices insuficientes para a retomada a patamares de 2019, pré-pandemia. Para máquinas, a expectativa é de crescimento de 7% nas vendas, 9% nas exportações e 23% na produção.

"Nunca foi tão difícil projetar os resultados de um ano, pois temos uma neblina à nossa frente desde março, quando começou a pandemia", explica Luiz Carlos Moraes. Infelizmente, observamos uma segunda onda de covid-19 em países do hemisfério norte, que parece ter chegado também ao Brasil. E sabemos que uma imunização pela vacina será um processo demorado, que tomará quase todo o ano, impedindo uma retomada mais rápida da nossa economia. Some-se a isso a pressão de custos, as necessidades urgentes de reformas e surpresas desagradáveis como o aumento do ICMS paulista, e temos diante de nós um quadro que ainda inspira muita cautela nas nossas previsões", resume o Presidente da Anfavea.