Metade das indústrias de SC enfrentam falta de matérias-primas

Pesquisa da Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (FIESC) e da Confederação Nacional da Indústria (CNI) revela que 50,5% das indústrias catarinenses consultadas não podem aumentar a produção por conta da escassez de matérias-primas. Interrupção das atividades de cadeias globais de valor durante o período mais crítico da pandemia e a forte retomada econômica estão entre as explicações para as dificuldades encontradas por setores da indústria para conseguir matérias-primas, explica o consultor econômico da FIESC, Pablo Bittencourt

Os desafios encontrados por muitas indústrias para comprar insumos estão relacionados ao descompasso entre oferta e demanda, causado por fatores como paralisia de cadeias produtivas, sobretudo em março e abril, velocidade da retomada da demanda em diversas economias, mudança do padrão de consumo e taxa de câmbio. Esses pontos foram destacados pelo consultor da FIESC, Pablo Bittencourt, em reunião de diretoria da entidade, e confirmados por uma sondagem feita pela Federação em parceria com a CNI, que revela que 50,5% das indústrias catarinenses consultadas não podem aumentar a produção por conta da escassez de matérias-primas.

O presidente da Federação, Mario Cezar de Aguiar, informou que em visita a indústrias nos últimos dias, empresários relataram dificuldades para conseguir insumos, além da falta de mão de obra. “E associado a isso há desafios na infraestrutura de transportes e no fornecimento de energia. Tem empresas que não estão conseguindo expandir as atividades por conta de limitações como essas”, afirmou.  

Em sua apresentação, Bittencourt explicou que à medida que alguns países iam entrando em lockdown, parte das cadeias iam sendo afetadas, com a parada da produção. E o retorno desses fluxos foi mais devagar do que se esperava. “O restabelecimento das correntes de comércio nas cadeias produtivas deve demorar um pouco ainda e isso ajuda a explicar as dificuldades para comprar insumos. De 40% a 70% das empresas brasileiras, segundo dados do IBGE, registraram problemas com fornecedores na primeira quinzena de setembro. Isso é fruto dessas grandes dificuldades internacionais”, reforçou, observando que as empresas de menor porte são as que estão com maior dificuldade para conseguir matérias-primas.  


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Depois de uma queda no nível de consumo do varejo, que alcançou em abril níveis de vendas de 2010, a economia reagiu e em agosto o desempenho das vendas chegou a níveis superiores a 2014. “Essa forte retomada nacional também ajuda a explicar o descompasso entre oferta e demanda dos insumos”, salientou Pablo, lembrando que o vigor da retomada tem a ver com o auxílio emergencial que chegou a um terço da população.

Pesquisa

Sondagem especial, realizada pela FIESC em parceria com a CNI, apontou que 64,5% das empresas consultadas informaram que estão com dificuldades para atender a demanda e 36,9% delas relataram que a demanda é maior do que a capacidade de produção. De acordo com a pesquisa, 43% dos industriais ouvidos acreditam que a normalização no atendimento aos clientes ocorrerá de três a seis meses enquanto que 46% responderam que a normalização deve ocorrer em até três meses. Apenas 11% dos entrevistados acreditam que o desajuste vai se manter por mais de seis meses.

Mesmo tendo acesso aos insumos por um preço mais elevado, 46,1% dos respondentes informaram estar com dificuldade de ter acesso às matérias primas produzidas nacionalmente. Para 33,2% dos empresários industriais, o motivo está relacionado ao aumento da demanda acima da capacidade; enquanto que 25,6% acreditam que o preço elevado é reflexo do desequilíbrio entre oferta e demanda.