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Com a sinalização da Petrobras de atuar exclusivamente na exploração de óleo e gás natural do segmento offshore em águas ultraprofundas, as atividades de produção terrestre e nos acumulados marginais se abriram para as operadoras independentes e companhias de médio e pequeno portes. A abertura proporcionou a retomada dos investimentos no onshore brasileiro, reaquecendo o setor nos estados da Bahia, Rio Grande do Norte, Amazonas, Espírito Santo, Sergipe e Alagoas, que concentram as maiores produções do país.
Esse movimento tem gerado novas oportunidades para pequenas empresas envolvidas na cadeia produtiva que dá suporte à operação mesmo diante do cenário de pandemia da Covid-19. Somente no Rio Grande do Norte, os investimentos realizados já ultrapassam meio bilhão de dólares e trazem perspectivas otimistas, não somente de retomada dos níveis de produção, mas também de reaquecimento da atividade e da economia das regiões produtoras, castigadas pelos desinvestimentos da estatal do petróleo.
Atualmente, pelo menos dez operadoras independentes estão explorando esse mercado em solo potiguar. A maior delas é a Potiguar E&P, ligada ao grupo Petro Recôncavo, que aplicou US$ 384 milhões somente para arrematar os campos do polo Riacho da Forquilha. O início das atividades no estado, em dezembro do ano passado, rendeu um incremento de produção da ordem de aproximadamente 22% para o grupo. A produção subiu de 3,7 mil barris por dia, à época, para 4,5 mil barris por dia atualmente.
Conforme dados da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), o Rio Grande do Norte teve um decréscimo de produção de óleo de 12,6% e de gás de 27,5% nos últimos anos. “Ainda não conseguimos reverter essa queda da produção de petróleo, mas os dados da Potiguar E&P são alvissareiros porque mostram que, obviamente com todas as operadoras operando os campos, há uma tendência de aumento de produção e uma diminuição dessa queda. Isso é muito favorável”, avalia o presidente da RedePetro RN, Gutemberg Dias.
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A rede reúne empresas que prestam serviços à toda a cadeia, e, segundo Gutemberg, a pandemia impactou todos os serviços de produção, assim como toda a economia. No entanto, as empresas foram gradativamente se adaptando e adotando medidas para dar continuidade às operações. “Hoje, a gente vê claramente todas empresas da RedePetro-RN operando, com regras de segurança no campo”, observa.
Para Gutemberg Dias, esses investimentos repercutem em um aquecimento e fomentam esse momento de transição. "Acredito que 2020 pode ser um ano de grandes resultados no setor de petróleo terrestre no Rio Grande do Norte, levando consideração tanto a produção de óleo quanto a questão da produção de gás”, prevê.
A cadeia produtiva do petróleo e gás potiguar representa, atualmente, 45% do Produto Interno Bruto (PIB) industrial do Estado, de acordo com a Federação das Indústrias do Rio Grande do Norte (Fiern). Somente nos últimos quatro meses, foi responsável por um repasse de R$ 36,8 milhões para o estado sob a forma de royalties, sem contar com os repasses para os municípios produtores.
"A retomada das atividades de exploração e produção de petróleo e gás natural no Rio Grande do Norte, um dos maiores produtores em terra, é fundamental para economia do estado. Principalmente para a inserção de pequenos negócios nessa cadeia justamente neste momento tão complicado que estamos passando. A indústria petrolífera em campos terrestres é uma das principais vocações do RN. Por isso, o Sebrae tem assumido esse papel de protagonista, tanto na articulação com os principais atores desse segmento, quanto no suporte e apoio a essas pequenas empresas, que pretendem aproveitar as oportunidades geradas com o reaquecimento do setor", destaca o diretor superintendente do Sebrae-RN, José Ferreira de Melo Neto.
A 3R Petroleum, que adquiriu os ativos do polo Macau, anunciou que planeja investir ao longo do ciclo de vida do conjunto de campos cerca de US$ 200 milhões, com uma janela de cinco anos para começar investimentos mais substanciais nessa área. Neste mês, também foram concluídos os repasses de campos na bacia Potiguar para outras companhias independentes: a Central Resources, que comprou os campos de Redonda e Ponta do Mel com transações envolvendo US$ 7,2 milhões, e a Ouro Preto Óleo e Gás, que adquiriu a totalidade das participações nos campos de Pescada, Arabaiana e Dentão, situados em águas rasas, por US$1,5 milhão. Outras operadoras também integram esse rol de companhias que apostam na atividade no estado. É o caso da Phoenix, Imetame, Geopark, Sonangol, Partex e Ubuntu.
Toda essa série de investimentos indica o potencial existente nesse mercado, que foi deixado de lado pela Petrobras, ao implementar o plano de ação de desinvestimentos, conhecido como Programa de Revitalização das Atividades de Exploração e Produção de Petróleo e Gás Natural em Áreas Terrestres (Reate 2020), e que abre um leque de possibilidades de novos negócios no Rio Grande do Norte e nos demais estados que têm atividades onshore.
O fortalecimento desse setor é importante porque exige uma série de demandas de serviços e de suprimentos, que são atendidas por pequenos negócios envolvidas na cadeia. Daí os investimentos feitos pelo Sebrae no Rio Grande do Norte para preparar essas pequenas empresas no contexto desse novo cenário, assim como promover discussões e aproximação entre os elos da cadeia. Nos últimos três anos, a instituição investiu cerca de R$ 1,1 milhão para capacitar empreendedores do segmento e também na promoção de eventos para ampliar o mercado para essas empresas junto aos principais players do setor.
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