Máquinas e equipamentos apontam para recessão prolongada na indústria brasileira

Baixa na compra de equipamentos indica pessimismo dos industriais

O IBGE informou queda da produção industrial de 9,1% em março na comparação com fevereiro, muito abaixo dos -2,5% estimados pelo próprio instituto. O novo número deverá afetar negativamente as expectativas do PIB para 2020. A forte queda de 23 dos 26 setores produtivos analisados indica que o freio ocorreu antes mesmo do início da quarentena, em meados do mês de março.

De acordo com Cristina Helena Pinto de Mello, economista e pró-reitora nacional de pós graduação da ESPM, o dado mais importante é o da queda entre máquinas e equipamentos. "Os números mostram que os empresários brasileiros estão reduzindo seus investimentos em máquinas e equipamentos, o que é um dado objetivo de pessimismo em relação ao futuro. Esse é um setor chave, pois dá dinâmica macroeconômica e tem o poder de iniciar processos de expansão ou retração econômica. Máquinas e equipamentos são bons termômetros das expectativas futuras", afirma.

Para ela, a influência da covid-19 pode ser mais notada nos setores exportadores e de bens de consumo: "Os setores da indústria exportadores são mais integrados a cadeias de produção globais e, portanto, mais sensíveis ao contexto internacional. Ou seja, são mais afetados pelas quarentenas no exterior. No plano interno, a queda da renda dos trabalhadores tem impacto direto sobre os bens de consumo. O isolamento social no Brasil é uma parte do quadro, mas não explica todos os números negativos", afirma.


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