Fonte: Agência Sebrae de Notícias - 25/09/07
A indústria opera sob a crescente ameaça de novos gargalos, no momento em que planejava trabalhar a plena capacidade com o aumento de pedidos para o Natal. Os obstáculos abrangem ameaça de redução do fornecimento de energia elétrica com a falta de chuvas, greve em montadoras de veículos no Paraná, dificuldade de fornecedores de autopeças de aumentar a produção e ameaça de alta ainda maior da nafta (matéria-prima básica para indústria petroquímica) em outubro e novembro.
O problema mais urgente é na indústria automobilística. Com a greve dos metalúrgicos do Paraná, Renault e a Volkswagen têm apenas mais quatro dias de estoque de veículos em suas fábricas no estado, pelo cálculo de analistas do setor automobilístico.
A paralisação, que ameaça abranger também a região do ABC paulista (onde há várias fábricas de veículos), acontece no momento em que a produção das montadoras bate seguidos recordes. Mais ainda, os últimos meses do ano são tradicionalmente de aquecimento das vendas. "Tudo o que não precisávamos agora era de uma greve", afirma o diretor de uma grande montadora.
Em autopeças, estudo realizado pela consultoria Booz Allen Hamilton aponta segmentos que têm dificuldades para aumentar a produção. Forjaria, acabamento, metalúrgica, borracha e fundição são os que apresentam maiores problemas para acompanhar o ritmo da demanda.
Obstáculos em autopeças
A maior parte das empresas de autopeças que têm dificuldades para investir são pequenas empresas fornecedoras dos grandes fabricantes de peças, segundo Leticia Costa, presidente da Booz Allen Hamilton e especializada no setor automotivo. "Estas empresas dependem de bancos privados para conseguir financiamento, pois não conseguem no BNDES", diz.
Ela afirma que uma possível solução para o setor é uma onda de consolidação destes pequenos fornecedores. A situação, no entanto, é desfavorável para essas empresas, que são clientes e fornecedores de grandes empresas, o que torna mais difícil as negociações na hora de assinar contratos. "Elas têm contratos de longo prazo com os clientes, mas não com os fornecedores, como siderúrgicas e petroquímicas", afirma a especialista.
Torcida por chuvas
Em energia elétrica, além das previsões de problemas de abastecimento a longo prazo, um problema imediato preocupa as indústrias: a falta de chuvas, que ameaça atrapalhar o fornecimento de energia elétrica.
"Toda a energia elétrica que o país produz depende da quantidade de chuva do ano", afirma Paulo Mayon, presidente da Associação Nacional dos Consumidores de Energia. Ele lembra a dependência do país em relação à energia hidroelétrica, o que aumenta a preocupação com a falta de chuvas em várias regiões.
Para ele, o momento é de conscientizar grandes empresas e centros comerciais quanto ao uso racional de energia elétrica.
Levantamento do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) mostra que a produção de energia hidroelétrica tem crescido, nos últimos anos, acima do nível de outras alternativas, como carvão e gás natural. O estudo mostra que a produção hidroelétrica aumentou de 238,51 mil gigawatts-hora em 2002 para 296,64 GWh no ano pasado.
Uma das opções para evitar a redução do fornecimento de energia seriam as termoelétricas a gás, mas há escassez do produto em várias regiões e o preço teve reajustes considerados elevados pela indústria.
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