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O melhor ano de vendas domésticas desde 2014 não foi suficiente para que o mercado brasileiro voltasse a ficar acima de 3 milhões de veículos emplacados. No total, foram vendidas 2,94 milhões de unidades, incluindo automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus. O número revela crescimento de 8,6% sobre 2018, mas esperava-se um pouco mais – em janeiro a estimativa passava de 11% e a projeção refeita em outubro apontava para 9%. Agora, a aposta da associação dos fabricantes, a Anfavea, é que 2020 será melhor.
Em sua primeira previsão para o ano, divulgada à imprensa na terça-feira, 7, a entidade antevê que as vendas de veículos no País vão crescer 9,4%, chegando a 3,05 milhão de unidades emplacadas até o fim de 2020 (é a mesma projeção dos concessionários divulgada pela Fenabrave na semana passada). Se o cálculo estiver correto, será a primeira vez desde 2014 que o mercado nacional ultrapassa os 3 milhões de veículos vendidos, mas ainda assim ficará 750 mil abaixo do pico histórico de 2012, de 3,8 milhões.
“Tivemos um bom ano e esperamos que 2020 seja melhor. Estamos moderadamente otimistas”, avalia Luiz Carlos de Moraes, presidente da Anfavea.
Moraes sustenta que “2020 começa com condições melhores do que em 2019”. Ele cita especialmente a queda acentuada da inflação (o IPCA fechou o ano ao redor de 3%), que derrubou a taxa básica de juro (Selic) para o nível mais baixo da história, reduzida novamente em dezembro para 4,5% ao ano. O dirigente espera que em algum momento deste ano a tendência de baixa também seja refletida nas taxas do crédito direto ao consumidor (CDC), principal instrumento para financiamento de veículos, que já caíram para menos de 20% ao ano, “mais ainda tem muito espaço para redução se for considerada a distância (spread) em relação à Selic”, diz, lembrando que de 2013 a 2015 essa diferença já foi bem menor.
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Apesar de reconhecer que o desemprego continua elevado, na casa dos 11%, Moraes avalia que o esperado crescimento do PIB de 2,5% este ano deverá trazer algum alento ao mercado de trabalho. “A retomada do emprego está lenta, mas tende a melhorar ao longo de 2020, trazendo mais confiança ao consumidor”, estima. “Mas não é só isso, precisamos avançar mais com as reformas, especialmente a tributária, fazer as privatizações e retomar os investimentos em infraestrutura. Só assim poderemos crescer acima do nível atual que precisamos.”
Venda direta não preocupa
O crescimento exponencial das vendas diretas (faturamento da montadora diretamente ao consumidor), que em 2019 chegaram ao pico histórico de 45% do total de emplacamentos, não parece preocupar a Anfavea. “É um mercado importante e deve se estabilizar nesse patamar”, avalia Moraes. Ele lembra que nem todos os veículos vendidos por faturamento direto têm descontos elevados e parte importante é negociada pelas concessionárias, como as compras com isenção de impostos para taxistas e pessoas com deficiência (PcD).
“É preciso separar o que é venda direta e uma boa parte, embora seja faturada pela montadora, é vendida pela concessionária (com negociação de varejo). Esse tipo de faturamento é feito para empresas, licitação de compras de veículos por entes governamentais, taxistas, pessoas com deficiência e, por fim, locadoras, que representam menos de 20% dessas vendas”, afirma o presidente da Anfavea.
Estoques em baixa
Com as boas vendas de dezembro – o melhor mês desde 2014, com 262,6 mil veículos emplacados e alta de 8,4% sobre novembro e de 12% ante o mesmo dezembro de 2018 –, os estoques baixaram. O ano terminou com 287,6 mil unidades produzidas que não foram emplacadas, ficaram nos pátios das montadoras e concessionárias à espera de compradores. O número equivale a 33 dias de vendas e está 12,7% abaixo dos 329,4 mil veículos estocados ao fim de novembro, que equivaliam a 38 dias de faturamento.
“Como as vendas de dezembro foram aquecidas e a produção é normalmente mais baixa no último mês do ano, com férias coletivas e ajustes de linhas, os estoques baixaram para níveis considerados normais para a indústria”, explicou Moraes.
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