Peugeot investirá US$ 500 milhões no Brasil e Argentina até 2010

Fonte: Valor Online - 18/09/07

A francesa PSA Peugeot-Citroën tem planos ambiciosos de crescimento para as operações da empresa no Brasil e na Argentina. Ontem o diretor geral da montadora para o Brasil e Mercosul, Vincent Rambaud, disse que o grupo investirá US$ 500 milhões até 2010 para ampliar a capacidade de produção das fábricas nos dois países. Os recursos também serão aplicados no desenvolvimento de veículos. A meta é lançar, em três anos, 12 modelos produzidos no Mercosul.

O anúncio feito pelo executivo é conseqüência do plano de reestruturação da empresa promovido pelo novo presidente mundial da PSA Peugeot Citroën, Christian Streiff, que assumiu o cargo em fevereiro. Foi Streiff que criou a diretoria Mercosul, região considerada como um dos três pilares para sustentar o desenvolvimento internacional do grupo. Os outros dois são China e Europa Oriental.

Rambaud, que foi nomeado em fevereiro para assumir o Mercosul, falou ontem pela primeira vez com a imprensa sobre estratégia, resultados e investimentos. Segundo ele, o investimento de US$ 500 milhões deverá contemplar novas linhas de produção nas fábricas de veículos e ampliação nas unidades de componentes e motores. No Brasil, o grupo concentra a produção de motor flex, que já são exportados para a Europa. O grupo não descarta a possibilidade de investir em novo centro de produção de veículos no Brasil, Argentina ou em um terceiro país, como o México, onde vem sendo feitos estudos.

Um dos objetivos da montadora será dobrar as vendas no Mercosul até 2010. O esforço prevê passar dos 160 mil veículos vendidos na região em 2006, volume que garantiu à montadora participação de mercado de 7%, para 300 mil unidades em 2010, com sua participação pulando para 11%. De forma gradual, as vendas chegariam a 400 mil unidades em 2015, quando a participação de mercado no Mercosul alcançaria 15%.

De janeiro a agosto deste ano, a PSA Peugeot Citroën comercializou 134,6 mil veículos no Mercosul. O volume foi 28,7% maior do que no mesmo período de 2006 e assegurou à montadora participação de mercado de 7,3%. No Brasil, no mesmo período, o grupo conseguiu participação de 5,3% e, na Argentina, de 15%.

Rambaud disse que o crescimento será sustentado por "alavancas", entre as quais o início do terceiro turno nas fábricas de El Palomar, na grande Buenos Aires, a partir de outubro, e de Porto Real (RJ), a partir de dezembro deste ano. A capacidade de produção do grupo no Mercosul saltará de 220 mil veículos por ano para 320 mil unidades em 2008.

Para 2007, o grupo prevê a produção de pouco mais de 100 mil veículos no Brasil e de 120 mil unidades na Argentina. Com o terceiro turno, a capacidade deve subir para 150 mil unidades/ano, em Porto Real (RJ), e para 170 mil unidades/ano, em El Palomar. O grupo está contratando engenheiros para atuarem em pesquisa e desenvolvimento no Brasil e na Argentina. O grupo terá mil engenheiros contratados nestas áreas.

O executivo também reconheceu que o grupo ainda não é suficientemente competitivo na parte de custos na região. Daí a decisão de criar maior sinergia com os fornecedores para melhorar a produtividade. Um dos trabalhos passa por aumentar a taxa de integração local de peças e componentes. Hoje a montadora compra no Brasil e na Argentina cerca de dois terços das peças que equipam os carros produzidos na região. "Vamos aumentar esse número de maneira significativa", diz Rambaud. A estratégia passa por convidar os fornecedores a analisar o que pode ser produzido localmente com boa relação custo-qualidade.

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