Fonte: O Estado de São Paulo - 12/09/07
Apoiado mais uma vez no bom desempenho do consumo das famílias e em investimentos crescentes, o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) deverá vir forte no segundo trimestre do ano. Estimativas de consultorias e bancos ouvidos pelo Estado indicam alta de 4,9% a 6,1% na comparação com o mesmo período do ano anterior. A última vez em que o PIB trimestral cresceu acima de 5% foi em 2004. Em relação ao trimestre anterior, as projeções variam de 0,8% a 1,2%. A demanda interna está acelerando e a indústria deverá ser o setor de destaque.
O dado oficial será divulgado hoje pelo Instituto Brasleiro de Geografia e Estatística (IBGE). As estimativas são da MB Associados, ABN Amro, LCA Consultores, Corretora Convenção, Tendências Consultoria e Credit Suisse. Num levantamento com 30 instituições feito pela Agência Estado, a mediana das projeções de crescimento do PIB ficou em 5,9% sobre o mesmo período em 2006 e em 1,2% sobre o trimestre anterior.
Na prática, o PIB trimestral vem crescendo acima de 4%na comparação com o mesmo período do ano anterior desde o terceiro trimestre de 2006. Entre 2005 e 2006, a maior parte das variações do PIB a cada três meses ficou entre 2% e 4%. Ainda assim, alguns economistas analisam que o País não está preparado para avançar, de forma consistente, perto de 5% ao ano, como quer o governo.
'O crescimento que será divulgado hoje vai ser bom, forte. Mas acho que não completamente sustentável. O país enfrenta ainda gargalos de infra-estrutura e logística para crescer mais e a questão fiscal não foi resolvida', diz o economista da MB Associados, Sergio Vale. Além disso, apesar de mais vigoroso, o avanço da economia brasileira continua abaixo de outras economias emergentes.
Uma comparação feita pela Austin Rating mostra que o cescimento do PIB brasileiro deverá ficar ao redor de 4,7% no primeiro semestre. No mesmo período, a economia indiana avançou 9,2% e a chinesa, 11,5%. Levando em conta apenas o segundo trimestre, o PIB da China cresceu 11,9% e o da Índia, 9,3%. Segundo a consultoria, não havia, para a comparação semestral, informação da Rússia, que, com os demais países, forma o grupo dos 'Brics'.
Pelo lado da demanda, o crescimento da massa de renda do trabalho estimula o consumo doméstico, junto com o avanço do crédito. As consultorias estimam que o consumo das famílias poderá avançar de 5,6% a 6,7% no segundo trimestre. Os investimentos crescerão ainda mais, de 11% a 13%. Com isso, a taxa de investimento sobre o PIB avançará este ano, para uma faixa entre 17% e 18%.
A economista do ABN Amro Zeina Latif avalia que haveráuma pequena aceleração do crescimento do PIB no segundo trimestre (1,2%) em relação ao anterior, já que o avanço do primeiro trimestre foi de 0,8%, ante o último trimestre de 2006. Ela explica que, na comparação com o primeiro trimestre, o investimento crescerá 2,4% e o consumo das famílias, 1,7%. 'Está havendo uma aceleração da demanda interna', explica.
Segundo Zeina, o dado da produção física da indústria já indicou uma forte expansão no segundo trimestre, de 7,4%. Por isso, a expectativa é de que o PIB industrial sobressaia na divulgação de hoje, que leva em conta o valor adicionado à produção. O ABN e o Credit Suisse poderão rever para cima a projeção de aumento do PIB para 2007, caso o dado da indústria venha acima do projetado.
De forma geral, os economistas estimam que a turbulência global não prejudicará o país em 2007. As maiores preocupações são a inflação e seus efeitos em 2008. Segundo Sergio Vale, uma das dúvidas é se o país conseguirá aumentar a oferta de produtos e serviços para atender à demanda sem pressão de preços. Caso o Banco Central interrompa a queda dos juros em outubro, não está descartada uma revisão para baixo do PIB de 2008.
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