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A Mercedes-Benz anunciou nesta terça-feira (27) que reativou o segundo turno da produção de ônibus na fábrica de São Bernardo do Campo, no ABC Paulista. Desde 2016 a fábrica só produzia ônibus em turno único.
A principal razão para aumentar o ritmo de produção é a venda de 1,6 mil ônibus para o serviço de transporte público da cidade de São Paulo. De acordo com a empresa, este é o maior lote já vendido para a capital paulista. As entregas devem começar em dezembro deste ano.
Segundo Philipp Schiemer, presidente da Mercedes-Benz do Brasil, a previsão para 2019 é que o mercado de ônibus novos seja de aproximadamente 18 mil unidades – a estimativa é de um crescimento de aproximadamente 25% na comparação com 2018, quando foram emplacados 14,4 mil exemplares.
Desde o ano passado, a Mercedes afirma que contratou 1,1 mil pessoas para trabalhar na unidade do ABC paulista, que também produz caminhões. Até por isso, não haverá novas contratações específicas para a linha de ônibus.
Agora, a fábrica opera em 2 turnos na produção de ônibus e caminhões, e em 3 turnos na fabricação de peças agregadas. No entanto, Schiemer disse que a ociosidade ainda é de 40% -- menor do que era há um ano.
Vizinhas de cerca
Schiemer também falou sobre o possível aproveitamento de funcionários que serão demitidos pela Ford quando a fábrica de São Bernardo fechar as portas, daqui alguns meses. Uma cerca separa o terreno das duas empresas, no bairro do Taboão.
“Os funcionários da Ford são bem-vindos. Eles podem, sim, se candidatar [a vagas na Mercedes] e mandar currículos”, disse.
No entanto, o executivo diz não haver conversas para firmar um acordo para priorizar esses funcionários em futuras contratações, como fez a General Motors, dona da Chevrolet. “Estamos abertos a receber, mas não tivemos nenhuma conversa sobre isso”, completou.
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Crescimento depende de reformas
Schiemer também comentou sobre o mercado de caminhões e a expectativa para os negócios em 2020. Segundo o executivo, os resultados devem ser influenciados pelo andamento das reformas – especialmente da previdência e tributária.
“O mercado ainda está mostrando uma recuperação. O risco de o trem descarrilar é menor. Mas gostaríamos que caminhasse com mais velocidade. Os avanços são lentos para a economia real”, falou.
A Mercedes acredita que o crescimento atual está sendo puxado pela renovação de frota de setores como agronegócio e transporte de líquidos, e não aumento na compra para expandir frotas.
A empresa também vê com bons olhos o acordo entre União Europeia e Mercosul. “O Brasil precisa de abrir para o mundo. Mas precisa de reformas para ser competitivo. O tempo para entrar em vigor é suficiente para se preparar”, completou.
A Mercedes não deu projeções de produção e vendas para o ano que vem, mas espera crescimento, tanto para ônibus, como para caminhões. No caso dos automóveis, a empresa não comentou.
Investimentos em caminhões
Além de reativar o segundo turno na produção de ônibus, a Mercedes também está entregando os resultados de um investimento de R$ 1,4 bilhão para renovar a linha de caminhões, na qual é líder de mercado.
Segundo Schiemer, o foco dos lançamentos será o subsegmento de extra-pesados, caminhões que podem carregar mais de 40 toneladas. O novo Actros, que chega no ano que vem, será feito em São Bernardo. Atualmente, ele é produzido em Juiz de Fora (MG).
Apesar de perder a produção do modelo, a fábrica mineira continuará responsável pela pintura dos caminhões e pela montagem da cabina. No entanto, a Mercedes não informou qual será o impacto do fim da produção do Actros por lá.
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