Indústria opera hoje 17,5% abaixo do pico de 2012 e já prevê novos desafios

Retração de 0,2% na passagem de abril para maio era esperada, e agora empresários se preparam para encarar desafios que ainda estão por vir tanto no mercado interno quanto no cenário global

A queda de 0,2% da indústria em maio ante abril ampliou a distância entre o patamar de produção atual e o ponto mais elevado da produção. Agora, as empresas operam 17,5% abaixo do visto em 2012, movimento que deve se acentuar diante dos desafios que os fabricantes devem enfrentar nos próximos meses.

Os dados fazem parte da Pesquisa Industrial Mensal realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e divulgada ontem (2). "Tem um distanciamento importante, e que está aumentando mês a mês, conforme vão entrando informações negativas", ressaltou André Macedo, gerente da Coordenação de Indústria do IBGE. "A indústria está 1,4% abaixo do patamar que havia encerrado o ano passado."

No mês de maio, a fabricação de bens de capital estava 32,9% abaixo do pico de produção registrado em setembro de 2013, enquanto os bens de consumo duráveis operavam 25,6% aquém do ápice de produção visto em junho de 2013. Já os bens intermediários estavam 17,8% abaixo do pico visto em fevereiro de 2011.

Futuro incerto, passado frustrante

Segundo o indicador, a indústria registrou perdas na produção em 18 das 26 atividades pesquisadas na passagem de abril para maio. A principal influência negativa foi do recuo de 2,4% em veículos automotores, reboques e carrocerias, que devolveram parte do avanço de 6,4% registrado em abril.

Outras contribuições negativas relevantes foram de bebidas (-3 5%), couro, artigos para viagem e calçados (-7,1%), outros produtos químicos (-2,0%), produtos de metal (-2,3%), produtos de minerais não metálicos (-2,1%) e produtos diversos (-5,8%).

Diante desse cenário adverso, as estimativas futuras também não são muito otimistas.

O Mitsubishi UFJ Financial Group (MUFG), afirmou ontem em relatório que o próximo trimestre poderá ser melhor caso seja aprovada a nova Previdência, mas isso não basta para reativar o setor. “Não esperamos forte crescimento imediato da Produção Industrial, uma vez que a alta capacidade ociosa inibe os investimentos e criação de vagas”.


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Outro fator de desafio sinalizado pelos economistas do banco é o cenário externo. “Há o risco de uma desaceleração econômica global mais acentuada do que o esperado, o que também apresenta alguns limites para a reação mais rápida. Para todo este ano, esperamos crescimento de 0,6%.”

Quando avaliado o resultado deste ano, sobre o mesmo mês de 2018 houve um incremento de 7,1% na produção industrial. A alta, no entanto, não se deu pelo aumento das atividades, mas sim a base de comparação baixa, decorrente da greve de caminhoneiros, que derrubou o desempenho da indústria brasileira em maio de 2018, ressaltou Macedo.

"A questão de ter essas taxas mais elevadas, com a indústria avançando 7,1%, e mais do que isso, esse perfil disseminado de expansão têm relação direta com a base de comparação baixa. Lembrando que em maio do ano passado houve a greve de caminhoneiros, e, além disso, é considerada a influência do efeito calendário, com um dia útil a mais (em maio de 2019 em relação a maio de 2018)", acrescentou Macedo.

O principal impacto positivo para o total da indústria foi do avanço de 37,1% na fabricação de veículos automotores, reboques e carrocerias, seguido da alta de 16,2% nos produtos alimentícios (16,2%). Outras contribuições positivas relevantes foram de bebidas (23,9%), máquinas e equipamentos (14,5%), produtos de minerais não metálicos (16,3%), celulose, papel e produtos de papel (14,5%), produtos de metal (14,0%), máquinas, aparelhos e materiais elétricos (16,3%), metalurgia (6,1%), outros produtos químicos (6,1%), confecção de artigos do vestuário e acessórios (14,2%), produtos de borracha e de material plástico (7,8%) e móveis (18,6%).

Na direção oposta, a principal contribuição negativa foi das indústrias extrativas, com queda de 18,2%, ainda como consequência do rompimento da barragem da Vale na região de Brumadinho, em Minas Gerais, em janeiro deste ano. "O setor de extração mineral não foi diretamente afetado pela greve de caminhoneiros em maio de 2018", diz Macedo.

Outras contribuições negativas significativas para o resultado apresentado pelo IBGE foram da fabricação de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-3,3%), outros equipamentos de transporte (-11,7%) e manutenção, reparação e instalação de máquinas e equipamentos (-8,5%). (veja mais informações no gráfico)


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