Fonte: Portal do Meio Ambiente - 31/08/07
Em meio às negociações sobre o clima na conferência que ocorre em Viena, o líder da delegação dos Estado dos Estados Unidos colocou em dúvida a criação de um mercado global de carbono como meio de reduzir as emissões de gases causadores do efeito estufa. “Não está claro quando e nem se haverá um mercado global de carbono”, afirma Harlan Watson – líder da delegação dos EUA.
Ele explica que a principal dificuldade se deve ao fato de a União Européia e os aliados dos EUA, como Austrália e Canadá, estarem trabalhando com esquemas separados para reduzir as emissões de carbono e destaca que esses programas não podem ser unidos facilmente. “Há diferenças entre os esquemas, então, juntá-los num mesmo mercado de carbono levará algum tempo”, afirma.
Especialistas apontam o comércio de carbono como uma das alternativas mais eficazes no combate às mudanças climáticas, pois permite que países ricos emitam gases de acordo com suas metas de Kyoto e comprem créditos de países em desenvolvimento ao ultrapassarem suas cotas. Watson destaca que nos EUA, ao contrario do Protocolo de Kyoto – que determina metas obrigatórias - existe um mercado voluntário independente pelo qual empresas podem negociar seus créditos de carbono numa bolsa de valores específica.
Contribuição americana
Apesar de o futuro de um mercado de carbono unificado ainda ser incerto, a reunião de Viena está representando mais um passo adiante dos EUA na luta contra o aquecimento global. Durante o encontro, o país assumiu o compromisso de participar da próxima rodada de ações para mitigar as mudanças climáticas. A conferencia do clima, em Bali, em dezembro, deverá servir para se criar um novo acordo mundial sobre o tema.
Apesar de não definir a quantidade de emissões que os EUA irão cortar, Watson declarou que a nação irá se integrar no processo com uma contribuição própria. “A preservação do clima vai demandar cortes severos, bem além de 50% em número de países e não apenas em nações desenvolvidas, mas também nas em desenvolvimento”, avalia ao lembrar que a China ultrapassará os EUA como maior emissor de gases no início do próximo ano, de acordo com uma agência internacional de energia.
“O reconhecimento do que eles cortarão emissões é novo”, afirma Angela Leford Anderson, a porta-voz climática da National Enviroment Trust – grupo de lobby com sede em Washington. Ela diz que Watson deu um tom diferente para o seu discurso, em comparação com as declarações que havia escutado dele anteriormente.
Em junho, os Estados Unidos revelaram um plano de atacar as mudanças climáticas com uso da tecnologia – o que levantou uma preocupação entre grupos ambientais europeus de que a iniciativa americana seria conflitante com os processos já em andamento na ONU.
Leford Anderson espera que os EUA assumam metas obrigatórias de redução de emissões relacionadas com os níveis de 1990 até 2020.
“Para ter mais credibilidade, os EUA precisam determinar objetivos quantitativos”, acrescenta Colette Lewiner, líder global da consultoria Cap Gemini. “Sem isso, são apenas palavras bonitas”.
A Comissão Européia – braço regulatório das 27 nações da UE, deseja que países desenvolvidos cortem suas emissões de gases do efeito estufa em 30% até 2020, em comparação com os níveis de 1990, e em 50% até 2050.
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