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A Mercedes-Benz se prepara para um ciclo mais intenso de expansão do mercado interno de caminhões. A companhia anunciou na terça-feira, 4, que vai reabrir o terceiro turno de produção na linha de montagem de agregados, que incluem motores, câmbios e eixos, em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista. Com isso, a área é a primeira da fábrica a voltar a operar nesse ritmo, algo que não acontecia desde 2013. Em paralelo, a companhia vai adotar o segundo turno de trabalho na montagem de caminhões depois de quatro anos de produção em apenas um turno – ou até menos do que isso em momentos mais agudos da crise.
Para dar suporte ao novo momento, a Mercedes-Benz vai contratar 600 colaboradores para suas operações em 2019. Em janeiro começam 400 novos funcionários e, em abril, chegam outros 200 trabalhadores. Deste total, 40 atuarão na fábrica da companhia em Juiz de Fora (MG) e o restante ocupará posições na unidade de São Bernardo. Com a expansão, a empresa voltará a ter mais de 10 mil funcionários no País – antes da crise, em 2013, eram 14 mil colaboradores, número que Philipp Schiemer, presidente da empresa no Brasil, não espera atingir outra vez já que, desde então, o avanço da indústria 4.0 trouxe mais eficiência às operações.
“Estávamos inchados. Hoje conseguimos elevar os volumes sem precisar de tantos trabalhadores”, admite. Os novos contratos são temporários, de um ano, mas podem ser estendidos depois disso. Schiemer garante que a intenção é justamente esta.
“Estamos otimistas como há muito tempo não ficávamos. Os juros estão baixos, a inflação sob controle e o Brasil tem demanda reprimida por caminhões”, diz.
Schiemer evita colocar muita expectativa no novo governo porque entende que, antes de qualquer coisa, é preciso ver como todo o discurso de campanha acontecerá na prática. Ainda assim, ele acredita que se as promessas econômicas forem cumpridas, o potencial é de aumento da confiança na economia, o que considera ser o único aspecto que falta melhorar para que o mercado de caminhões se recupere de forma mais significativa.
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Crescimento no Brasil e expectativa de aumento das exportações
O presidente da Mercedes-Benz no Brasil lembra que há diferentes perfis de compradores de caminhões. O primeiro é composto de frotistas que buscam alta eficiência e, portanto, se empenham em manter a frota nova mesmo em momentos econômicos mais desafiadores. Do outro lado estão transportadores ou donos de pequenos negócios que contam com um ou dois veículos próprios. “Esta parte do mercado não renovou seus modelos nos últimos anos, então há uma demanda reprimida”, conclui, destacando um bom potencial para os próximos anos.
“Quem tem só um caminhão investe apenas quando há confiança na economia, que é o que esperamos que aconteça a partir de agora. Vamos crescer dois dígitos em 2019”, estima.
Segundo o executivo, 2018 tende a fechar com mercado interno de 70 mil caminhões, com expansão de 50%. “Se continuar assim, em breve estaremos acima das 100 mil unidades”, projeta, sem especificar quando espera que o País volte a este patamar. Schiemer destaca que a Mercedes-Benz entregou 19 mil unidades até novembro deste ano, acompanhando a expansão do mercado e garantindo a liderança no segmento. “Em extrapesados nós ganhamos participação com o aumento da demanda pelo Actros”, diz, projetando novo aumento para 2019.
Apesar dos números expressivos, o mercado segue distante do recorde de 170 mil caminhões emplacados no auge deste mercado, em 2011. Por isso, mesmo depois de readequações, a Mercedes-Benz segue com 40% de ociosidade em suas operações locais. “Este índice já foi de 70% nos piores momentos do mercado”, lembra Schiemer, destacando o movimento de ascensão.
A recuperação, diz, deve receber reforço do mercado externo. Até novembro as vendas internacionais da montadora encolheram 17,7% para 10,8 mil caminhões por causa da crise na Argentina, principal destino dos veículos da companhia. O executivo reforça, no entanto, que se o país vizinho for excluído desta conta, o volume aumentou 30,4% já que a empresa fortaleceu as entregas para outras regiões, principalmente no Oriente Médio e na África.
“A crise na Argentina atingiu o pico. As coisas devem melhorar em 2019. Também fechamos novos contratos para a exportação de motores para a Alemanha e o México”, conta.
Segundo ele, os acordos firmados recentemente começam a valer em 2019 e vão resultar em produção adicional de 10 mil propulsores no Brasil, o que tornou ainda mais necessária a abertura do terceiro turno na fábrica.
Segunda fase do plano de investimentos
Este ano a Mercedes-Benz também conclui a primeira etapa de seu plano de investimentos que prevê o aporte de R$ 2,4 bilhões na operação brasileira entre 2018 e 2022. “No ano que vem começamos a segunda fase, com foco em deixar a logística da nossa fábrica mais eficiente e seguir com a implementação de conceitos da indústria 4.0 na nossa planta”.
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