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A Garrett produzirá turbos para automoveís no Brasil em mais dois ou três anos. A empresa, que passou a ser Garrett Motion em 1º de outubro, data oficial de sua separação da Honeywell, está em busca de fornecedores locais e já a partir do ano que vem começa a adequar sua fábrica de Guarulhos (SP) para o novo negócio.
As informações são de Eric Fraysse, presidente global de aftermarket e da operação brasileira, em breve visita ao Brasil. Baseado em Rolle, na Suíça, onde agora está a sede da nova empresa, Fraysse veio conversar com clientes e visitar a sua única planta local, de onde saem hoje apenas turbos para veículos pesados e picapes, seja para fornecimento direto às montadoras ou para o mercado de reposição sul-americano.
Em português fluente, graças aos três anos que trabalhou na Renault quando da construção da planta da montadora em São José dos Pinhais (PR), o francês reconheceu inclusive que já tem contratos de fornecimento assinados e, exatamente por isso, e pelas perspectivas de mercado decidiu produzir o sistema aqui.
Projeções exibidas pelo executivo indicam que o mercado de turbos na América do Sul deve passar das 700 mil unidades em 2017 para 2,4 milhões em 2022, perto de 5% do mercado mundial. “O roadmap das montadoras indica a chegada de vários motores turbo a partir de 2021, 2022”, revelou Fraysse, que assegura que as tratativas para a produção local começaram antes mesmo da definição do Rota 2030.
A Garrett não revela quanto pretende investir nem qual será a sua capacidade produtiva de turbos para automóveis. Ainda assim, Fraysse admite que a produção local “faria sentido” apenas a partir de 50 mil unidades anuais.
Certo é que, pelo menos em um primeiro momento, não terá necessidade de um novo site. O atual complexo produtivo, localizado às margens da rodovia Dutra e próximo ao rodoanel de São Paulo, tem espaço suficiente para abrigar a nova linha.
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Até porque o segmento de caminhões, principal mercado da unidade, apenas agora começa a retomar após encolher quase 70% em três anos, e o novo negócio poderá ser ampliado aos poucos.“Hoje algumas áreas nossas operam em um turno ou um turno e meio”, lembra Christian Streck, diretor geral da empresa, que entretanto afirma que a produção deste ano cresce no ritmo de dois dígitos altos, acompanhando o segmento de caminhões.
A Garrett, na verdade, ainda trabalha sobre diversas variantes para encontrar a melhor fórmula de fornecer turbos para automóveis com competitividade, apesar de Fraysse ponderar que a estratégia mundial da empresa é sempre produzir onde os clientes estão. A empresa estuda, por exemplo, ter apenas componentes locais ou importar alguns, fabricar inteiramente os turbos aqui ou inicialmente só montá-los e agregar alguma coisa nacional.
Qualidade e processos não são problemas, asseguram os executivos. A exemplo das outras doze plantas da Garrett mundo afora, a fábrica brasileira tem a certificação Silver, a mais elevada dentro do que era o conglomerado da Honeywell, que envolvia diversos segmentos, inclusive indústria aeroespacial.
“Mas para sermos competitivos, temos que ter também o melhor balanço entre conteúdo local, dólar, logística… Hoje, por exemplo, os fornecedores de fundidos mais competitivos são os chineses”, diz o presidente da Garrett, sem disfarçar que a preferência mesmo é priorizar a produção integral aqui.
Uma certeza da Garrett é de que fornecerá sobretudo para carros com motores de 1.0 a 1.4 litro. “Para isso teremos de dois a três modelos “, afirma Streck, que, porém, não descarta integralmente ter produtos também para motores um pouco maiores. Os brasileiros já até conhecem os turbos da Garret nessa faixa de mercado: eles equipam o Hyundai HB20, mas são fabricados e montados na Ásia.
Outros segmentos
Com faturamento mundial de US$ 3,1 bilhões, mais de 7,5 mil funcionários e cinco centros de pesquisa, a Garrett Motion nasce também disposta a fornecer softwares de várias naturezas para veículos cada vez mais conectados —já tem inclusive conversas com clientes na América Sul — e se prepara para atender à eletrificação da frota mundial com e-turbos e e-compressores para modelos híbridos, elétricos e a célula de combustível.
“Serão segmentos que crescerão muito dentro do nosso negócio”, afirma Eric Fraysse, que calcula que já em 2025 100% dos veículos fabricados em todo o mundo terão alto índice de conectividade. Ele prevê o avanço sobretudo de veículos híbridos dotados de turbos eçétricos associados a sistemas de 48 V ou mais.
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