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O 4º Congresso Brasileiro da Indústria de Máquinas e Equipamentos realizado nesta semana na sede da ABIMAQ, em São Paulo, debateu o crescimento sustentado, as novas oportunidades de negócios no comércio global e as tecnologias disruptivas que contribuirão para promover o desenvolvimento econômico e a inovação da indústria. O evento teve como destaque as palestras dos economistas dos cinco candidatos à presidência da República mais bem posicionados nas pesquisas, que explicaram suas propostas para a próxima gestão.
O presidente do Conselho de Administração da ABIMAQ, João Carlos Marchesan, em seu discurso de abertura, reforçou o envio do documento O Caminho Para o Desenvolvimento aos candidatos à presidência, material que consolida as propostas da indústria brasileira fabricante de máquinas e equipamentos para a retomada do crescimento. “O presidente da República que assumir em janeiro de 2019, herdará um país que cresce de forma insuficiente e que acumula entre desempregados, pessoas que desistiram de procurar emprego e trabalhadores em tempo parcial, um contingente de quase trinta milhões de pessoas, ou seja, mais de um quarto da população economicamente ativa”.
Marchesan salientou que a esse quadro se soma outros problemas como o de um Estado que gasta mais do que arrecada, o que se reflete numa dívida pública crescente. “Isso obriga a cortar investimentos com a consequente piora da infraestrutura, já claramente insuficiente, e que corta despesas essenciais ao funcionamento dos serviços públicos, que tem piorado de forma consistente”, complementou.
Ele destacou que face a este cenário, o futuro presidente, ciente da obrigação de adotar providências para o equacionamento do déficit fiscal, deverá tomar imediatamente as medidas emergenciais necessárias para criar empregos. Marchesan afirmou ainda que o novo mandatário do País deverá tomar imediatamente as medidas emergenciais necessárias para criar empregos, privilegiando investimentos em obras de infraestrutura, que sejam de rápida implementação e intensivos em mão de obra.
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O ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Gilberto Kassab, em seu pronunciamento, expôs que no momento o que se discute em qualquer lugar do País é o custo do País, ou a eficiência da máquina pública, seja ela municipal, estadual ou federal, e as possibilidades que existirão nas próximas eleições. “O Brasil precisa na administração pública de mais transparência e eficiência. Mais eficiência por conta de situações que são inexplicáveis no mundo de hoje. O Brasil não tem banda larga e não tem internet na maior parte das escolas públicas brasileiras”, destacou.
No Painel I, o presidente do Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças), Dan Ioschpe, argumentou que na questão das rupturas, o setor automotivo tem sido talvez um dos mais velozes na transformação nos últimos anos. “É uma indústria centenária, mas que agora atinge uma velocidade de transformação muito grande. Isso está associado a uma enorme disponibilidade de dinheiro, uma enorme disponibilidade de cérebros, e uma capacidade de processamento que nunca houve no mundo. Isso está fazendo que haja um avanço muito rápido”, justificou.
Em sua palestra, o economista João Carlos Ferraz, argumentou que as tecnologias basicamente vão transformar modelos de negócios, mudando drivers competitivos e estrutura de mercado. “Elas são potencialmente transformadoras, acessíveis, flexíveis e, portanto, podem ter uma função ou o papel otimizador. Elas podem efetivamente contribuir para segurar a onda durante um período de incerteza.”, observou.
A presidente da SAP, Cristina Palmaka, por sua vez, assegurou que sua tese reforçada no evento é que toda empresa será uma empresa de tecnologia e todos falarão desse assunto. “As pessoas e a sociedade têm mudado e algumas tecnologias como block chain, machine learning e inteligência artificial já fazem parte do nosso dia-a-dia e às vezes a gente não percebe. Várias pessoas podem ter ligado hoje para algum call center e não sabem mais se falaram com uma máquina ou pessoa”. A executiva disse ainda que um conceito que tem usado bastante é o da “humanidade aumentada” que une o poder do processamento das máquinas com a inteligência humana.
Durante o 4º Congresso Brasileiro da Indústria de Máquinas e Equipamentos foi entregue aos palestrantes e todos presentes o documento da entidade ´O Caminho para o Desenvolvimento’, proposta inicialmente encaminhada aos presidenciáveis. O presidente executivo da ABIMAQ, José Veloso, fez uma apresentação sintética sobre o assunto, reforçando a importância desse trabalho. Segundo ele, o documento, além dos candidatos à presidência da República, foi também distribuído anteriormente a todos formadores de opinião que são considerados relevantes na indústria. Citando trechos do documento, ele ressaltou que “a história mostra que o crescimento econômico dos países até hoje só foi possível via aumento de sua produção, principalmente de bens de serviços de alto valor agregado e via ampliação do fluxo de comércio com uma crescente inserção na economia mundial”.
Na sequência, no Painel II, a Secretária Executiva do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, Yana Dumaresq, advogou que a grande questão é como fazer uma estratégia de abertura comercial. Para ela, nos últimos anos, o Brasil já se está visivelmente numa rota de abertura comercial. “Todos entendemos os benefícios incontáveis que uma abertura comercial teria ao País em termos de aumento de produtividade e inovação, e é inclusive uma das condições para que ele possa de fato usufruir dos benefícios da chamada 4ª Revolução Industrial. É também a estratégia mais acertada no caso do crescimento sustentável, que inclusive, as empresas que se internacionalizam já podem testemunhar”, analisou.
Dando prosseguimento ao painel, o presidente em Exercício da Federação da Indústria do Estado de São Paulo (FIESP), José Ricardo Roriz, comentou que a Fiesp é favorável à ampliação da concorrência e ao aumento da competitividade. “O aprofundamento da abertura comercial deve ocorrer de maneira negociada com a finalidade de promover o crescimento com maior agregação de valor nas cadeias produtivas brasileiras. Para isso, a abertura comercial não pode ser abordada isoladamente do ambiente de negócios, nem ser entendida como um fim em si mesma”, avisou Roriz.
“Vivemos sob os auspícios de uma nova geografia econômica internacional”, apregoou a seguir o Secretário Especial de Assuntos Estratégicos da Presidência da República Hussein Ali Kalout. A seu ver, a perspectiva estratégica é saber qual posição ou lugar que o Brasil quer ocupar no âmbito dessa nova geografia. “Se nós não sabemos que lugar e posição queremos ocupar, seguiremos desperdiçando imensas oportunidades, que continuariam a solapar nossa estabilidade econômica, nosso crescimento produtivo e nosso desenvolvimento socioeconômico”, enfatizou.
O economista e diplomata Marcos Troyo, em sua palestra que finalizou o II Painel, defendeu que as dinâmicas mais importantes hoje dizem respeito ao que se chama Indústria 4.0, 4ª Revolução Industrial ou 4ª Transformação Econômica. “Estamos ingressando num novo sistema, em que as distinções estanques entre agropecuária, manufatura e serviços vão desaparecer progressivamente. No limite, seja uma barbearia, pizzaria, empresa de autopeças ou companhia de computação, todos elas terão que ser uma empresa de tecnologia”, anteviu.
O III Painel, que reuniu os economistas dos candidatos à Presidência da República, focou a indústria como protagonista do crescimento. Ana Paula de Oliveira, economista do Candidato Álvaro Dias, iniciou sua fala frisando que o maior problema hoje da indústria brasileira é a contínua e aguda queda na competitividade dos produtos. Isso engloba uma série de fatores e consequentemente, segundo ela, demanda de uma série de ações em relação a todas as questões relacionadas à perda de competividade que a indústria vem sofrendo nas últimas décadas. “Existe uma série de razões porque a competitividade da indústria brasileira é tão baixa se compararmos com o restante do mundo. Os fatores podem ser agrupados em dois grandes blocos. O primeiro tem a ver com as questões macroeconômicas que o País vem apresentando nos últimos anos. O segundo grande bloco de explicações diz respeito a parte estrutural, o pano de fundo no qual a indústria brasileira está inserida”, interpretou ela.
Por seu turno, Carlos Alexandre da Costa, economista do candidato Jair Bolsonaro, disse que tinha um diagnóstico muito simples e que a causa de grande parte dos problemas que o País vive hoje e tem vivido nos últimos anos é ser um “estado paquidérmico e disfuncional”. Para ele, o Brasil tem vivido há muito tempo déficit nominais do setor público sistemáticos, que não foram reduzidos com aumento expressivo da carga tributária paga pelos brasileiros. “O que afeta o governo brasileiro e a dívida ao longo do tempo é o déficit nominal. Ele não é só resultado das despesas e gastos primários, mas também do custo elevadíssimo e crescente da dívida pública”, avaliou.
Sobre o diagnóstico mais geral, Nelson Marconi, economista do Ciro Gomes, disse que há razões porque a economia brasileira está crescendo tão pouco. Em sua visão, houve uma série de desequilíbrios macroeconômicos, mas o problema principal foi justamente a perda da competividade e da participação da indústria no PIB. “Hoje, quando falamos de indústria, temos que pensar em indústria junto com todos os setores que vem junto, que são esses chamados setores modernos, de serviços modernos sofisticados, que acabam puxando tanto a produtividade como inovação, como a geração de empregos de maior qualidade, e com isso gerando maior crescimento do valor adicionado per capita da economia e dos empregos de maior qualidade”, expôs ele em sua palestra.
Já Marcio Pochmann, economista do candidato Fernando Haddad, admitiu que tinha um certo desconforto em relação ao diagnóstico dominante e ao quadro nacional. “Nossa visão é que estamos numa fase em que de alguma forma o país tem oportunidades que talvez em outros momentos históricos nós não tivemos. Digo isso olhando justamente o quadro internacional, que é importante inclusive para nos situarmos do ponto de vista das perspectivas que o Brasil tem quando nós observamos uma mudança do centro dinâmico internacional”, considerou ele.
Finalizando o III Painel, José Roberto Mendonça de Barros, economista do candidato Geraldo Alckmin, expôs que o objetivo maior do seu trabalho é resgatar o sonho do Plano Real, que era o de resolver o problema inflacionário e trazer de volta o crescimento sustentado. “Devemos retomar esse crescimento, mas com duas características que são fundamentais: Ser sustentado, porque já tivemos muitos períodos de crescimento rápido e não adianta crescer 7,5% no ano e depois cair 4,5% em dois anos seguidos, e também com inclusão social”.
A palestra magna do cientista político, Murillo de Aragão, encerrou as apresentações dos convidados. Segundo ele, o principal vetor dessas eleições é a Operação Lava Jato porque ela tem consequências políticas, econômicas, jurídicas e sociais. Apesar de ter se iniciado em 2014, os efeitos, no seu entender, não foram sentidos imediatamente. “Mas já naquele ano, algumas pessoas sabiam o que ia acontecer ou o que estava acontecendo teria um efeito extraordinário dentro da política brasileira”, revelou.
A seu ver, a operação teria um efeito modificador não só na política, mas na economia e na própria sociedade. “A Lava Jato descontruiu a própria política. A política nunca foi devidamente construída no Brasil, porque sempre fomos um País oligopolizado em termos de núcleos de poder e ainda que temos vivido um período de multiplicação dos núcleos de poder, ela nunca foi devidamente construída no Brasil. A Lava Jato desconstitucionaliza a política, desmoraliza a política e isso tem um efeito direto no comportamento do eleitor hoje”, concluiu.
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