Fonte: Jornal do Meio Ambiente - 17/08/07
Especialistas em energias renováveis da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) são da opinião que o Brasil perdeu a corrida pela energia eólica, mas ainda tem um grande mercado a ser desenvolvido, o da energia solar. O professor do Laboratório de Engenharia de Processos e Tecnologia de Energia da UFSC, Sérgio Colle, afirma que o País, embora produtor de coletores solares planos para uso em aquecimento doméstico - são 50 fábricas produzindo 700 mil metros quadrados/ano - está a reboque das tecnologias utilizadas por vários países desenvolvidos ou em desenvolvimento, como Alemanha, Israel, Austrália, Estados Unidos e China.
"Todo o progresso nesta área deveu-se à iniciativa privada. A última vez que o governo brasileiro promoveu investimentos na área foi em 1973, portanto, há 34 anos, quando o regime era militar e estava acontecendo a primeira crise do petróleo", lembra o professsor. Colle afirma que da meia centena de indústrias de coletores solares, apenas quatro oferecem produto com qualidade aceitável, sob o ponto de vista tecnológico.
O especialista em tecnologia de energia participou na terça-feira, em Florianópolis, do lançamento do Eco Power Conference – Fórum Internacional de Energias Renováveis, que será realizado entre os dias 28 e 30 de novembro próximo na capital catarinense.
US$ 17 bilhões
Segundo o diretor do Eco Power Conference, Ricardo Bornhausen, do volume total movimentado no mercado de tecnologia limpa no ano passado, de US$ 55 bilhões, a energia solar respondeu por US$ 17 bilhões. A indústria da energia solar está crescendo rapidamente e poderá gerar 2,5% da eletricidade mundial a partir de 2025, substituindo parcialmente os combustíveis fósseis, de acordo com relatório publicado no ano passado pela Associação Européia da Indústria Fotovoltaica (EPIA, na sigla em inglês) e o movimento de defesa do meio ambiente Greenpeace. Hoje os sistemas fotovoltaicos, que transformam luz solar em energia, geram em torno de 0,05% da eletricidade mundial.
Segundo Sérgio Colle, em residências, o investimento em placas solares é extremamente baixo se comparado com o retorno que proporciona. O gasto médio para a instalação de um conjunto de placas numa residência habitada por cinco pessoas é de aproximadamente R$ 2.600,00, considerando o uso de várias torneiras e chuveiro aquecidos. "O investimento se paga em dois ou três anos com a economia da energia convencional", garante o especialista.
Colle ressalta ainda que embora esteja crescendo rapidamente, o mercado de aquecedores solares poderia estar dando passos mais largos no Brasil, não fossem os entraves econômicos e burocráticos. "Há barreiras como a do custo do cobre, principal matéria-prima dos coletores solares, commoditie cujos preços são fortemente pressionados pela demanda na China", diz ele lembrando também que faltam políticas públicas de desenvolvimento cientifico e tecnológico para energia solar".
O professor da UFSC lembra ainda que a energia eólica está em fase comercial e há grande oferta de produtos e tecnologias. No ano passado, este mercado movimentou US$ 22 bilhões. Os fornecedores, porém, são 100% internacionais. "O Brasil fabrica componentes, mas tem estrutura e capacitação para nacionalizar a produção, a exemplo da fabricação de pás de aerogeradores e geradores de grande porte".
De acordo com o professor do Departamento de Engenharia Mecânica da UFSC, Julio César Passos, da capacidade instalada de 100 mil MW no Brasil, a eólica representa 300 MW e tem potencial efetivo muito maior, conforme mapeamento eólico realizado pelo Centro de Pesquisas de Energia Elétrica (Cepel) e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais.
Kicker: Entraves econômicos e burocráticos estão impedindo que haja crescimento mais rápido do mercado de aquecedores solares
kicker2: A última vez que o governo brasileiro investiu em energia solar foi em 1973, quando da primeira crise do petróleo
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