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A indústria de bens de capital recuperou em junho, com folga, a perda de desempenho em maio, causada pela greve dos caminhoneiros que prejudicou fortemente a atividade produtiva. Ao fechar o semestre com faturamento de R$ 35,07 bilhões, o setor, que representa os investimentos em máquinas e equipamentos e uma tendência de melhora no ambiente econômico, registrou alta de 4,2% em relação aos seis primeiros meses de 2017. Assim, foi possível manter a expectativa apresentada no começo do ano, de atingir 7% de avanço em 12 meses, conforme a Abimaq (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos).
A influência menor da paralisação não foi páreo para a necessidade do setor produtivo brasileiro de renovar o maquinário, principalmente diante da rápida evolução tecnológica da chamada indústria 4.0. O diretor de competitividade da Abimaq, Mário Bernardini, afirma que os equipamentos têm vida útil e os empresários contam com parques com ao menos cinco anos de uso. "A substituição e a modernização são um bom sinal porque não há mal que nunca se acabe."
Os resultados de maio e de junho foram atípicos. Porém, o recuo de 6,2% entre o quarto e o quinto mês do ano foi seguido de uma alta de 23,0% em junho, o que mostra o adiamento de negócios. O faturamento foi de R$ 7,12 bilhões nos 30 dias que fecharam o semestre, índice 13,1% superior ao de junho do ano passado.
Também as exportações fecharam seis meses com crescimento de 16,8% em relação ao mesmo período de 2017, de acordo com a Abimaq. Com a ajuda da desvalorização média de 20% do real frente o dólar, as vendas externas passaram a ser responsáveis por 47% dos negócios da indústria nacional de bens de capital.
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Por outro lado, o câmbio não deu maior competitividade ao setor nacional, nem impediu que as importações continuassem fortes no setor. O primeiro semestre fechou com alta de 17,5% ante o mesmo período de 2017.
O economista Roberto Zurcher, da Fiep (Federação das Indústrias do Estado do Paraná), afirma que o País não produz maquinário eficiente ou a preços competitivos em muitos setores. Ele ressalta que a China, que tem crescido em qualidade a baixo custo, vem desde o ano passado na liderança em vendas ao Brasil. No primeiro semestre, 17,9% de tudo que chega ao País vem de lá, à frente dos Estados Unidos, que representam 17,1%. "Mas o interessante é que estamos aumentando nossas importações de bens de capital", diz.
Em tempos de guerra comercial, o consultor econômico Marcos Rambalducci, da Acil (Associação Comercial e Industrial de Londrina), afirma que esse indicador pode ser benéfico também ao Brasil. "A China é um grande parceiro comercial nosso e, quando as vendas desse parceiro comercial para cá ficam maiores, temos condições de negociar melhor com eles", diz.
Um exemplo são as máquinas agrícolas. Zurcher afirma que empresas do setor apontam que o País se tornou forte nas vendas ao exterior de peças e componentes, porque a importância da safra é tão grande que gerou a necessidade de colheitadeiras mais robustas e de mais novidades tecnológicas.
Rambalducci concorda. "São indicadores interessantes, porque mostra que o panorama de pessimismo e incerteza, causado pelo momento político e econômico nacional, não impediu que o empresário olhasse para frente."
Empregos
Para o consultor econômico da Acil, é importante ressaltar que houve redução do índice de ociosidade nas fábricas, tanto na cidade quanto no País. Ele acredita que o aumento das vendas deve resultar em mais empregos ao longo do ano. "Percebemos que existe o empresário que busca atualizar o plantel industrial, trocando ou ampliando a produção. E todo investimento tende a gerar empregos."
Entretanto, Zurcher lembra que boa parte também das atualizações são para aumentar a produtividade, e não necessariamente ampliar a produção e gerar empregos. "Temos empresas de softwares que afirmam que o empresário paranaense busca ser mais eficiente, ter custo menor, atender mais rapidamente aos desejos do consumidor que quer produtos personalizados."
Tanto que, segundo levantamento da Fiep, o índice de empresas do Paraná que investem em tecnologias da indústria 4.0 ou inteligência artificial aumentou de 1,5% em dezembro de 2016 para 4,0% no mesmo mês do ano passado. "É preciso lembrar que há anos não se via tanto investimento em máquinas", cita Zurcher.
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