Galvanização a fogo pintado pode reduzir custos na indústria naval

A técnica, pouco usada no setor, é capaz de duplicar a vida útil do aço

O aço desprotegido, com o passar do tempo pode ser deteriorado, principalmente devido a fatores ambientais como o ar e a umidade, além da atmosfera industrial desfavorável. Como solução é utilizado o processo de galvanização: aplicação do revestimento de zinco em estruturas de aço. No Brasil, é empregado na indústria automobilística, setores elétricos, de telecomunicações, pólos petroquímicos e construção civil, como nos postes de iluminação, defensas metálicas nas estradas e no setor naval, nas estruturas dos estaleiros para reparos ou manutenção dos navios e os guarda corpos em plataformas petrolíferas.

A alternativa de proteção à corrosão tem como objetivo prolongar a vida útil das peças, fornecendo uma barreira entre o aço e a atmosfera, evitando a formação de óxido de ferro na superfície do aço, resultando em um baixo custo de manutenção. Dependendo da finalidade, o processo a fogo pintado, imersão a quente e pintura das peças e estruturas metálicas é a solução mais eficaz.

Ricardo Suplicy Goes, gerente executivo do Instituto de Metais Não Ferrosos (ICZ), afirma que, para a indústria naval, a galvanização a fogo é a mais eficiente e pode duplicar a vida útil do aço. Os cloretos presentes no mar e a própria maresia tornam o ambiente altamente agressivo. "Para o setor, recomenda-se esse processo, pois gera a melhor proteção possível. O zinco tem uma sinergia muito forte com a tinta. Em um local que não seja tão corrosivo, a vida útil pode aumentar em até cinco vezes. São dados técnicos, muitas vezes desconhecidos e não utilizados pelo mercado. É importante levar essa consciência de como se obter o melhor desempenho com aço galvanizado e aço galvanizado pintado", afirma.

Por ano, o consumo de aço por habitante no Brasil é de aproximadamente 98 quilos e de aço galvanizado a fogo é entre 1,5 a 2 quilos. Goes ressalta que esses números demonstram o campo de oportunidades para que o procedimento cresça no País. "A técnica também atende ao tripé da sustentabilidade: a parte social (já que garante a segurança das estruturas evitando acidente, caso o aço seja corroído), o viés econômico (reduz o custo de manutenção e ciclo de vida do projeto) e o ambiental (tanto o aço como o zinco são 100% recicláveis)".


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No setor naval brasileiro, ainda não existe um grande case de sucesso da utilização da galvanização a fogo. Por esse motivo, o ICZ espera disseminar o uso da tecnologia no País por meio de palestras e pesquisas. Uma delas, foi o ensaio de corpos de provas realizado entre 2014 a 2016, em parceria com a Petrobras, em um pólo petroquímico na praia de Atalaia, Aracaju. Foram expostos aço carbono puro, aço galvanizado a fogo, aço galvanizado a fogo pintado e aço carbono só pintado.

Durante um ano foi elaborado um relatório completo e o resultado divulgado no início de 2018 será apresentado com mais detalhes no dia 14 de agosto, às 17h10 em uma das palestras gratuitas que fazem parte da programação da 15ª edição da Marintec South America, que acontece de 14 a 16 de agosto, das 13 às 20 horas, no Centro de Convenções SulAmérica, Rio de Janeiro (RJ).

"O foco da palestra é levar o conhecimento a engenheiros e usuários finais, de como proteger o aço contra a corrosão principalmente em ambientes agressivos. Para nós é muito importante a participação na Marintec. Teremos no mesmo momento os maiores formadores de opinião e os grandes players da indústria naval. Para o instituto é a possibilidade de atingir esses públicos ao mesmo tempo, além de aumentar o networking e ampliar as oportunidades comerciais dos associados do ICZ", conclui.