A economia brasileira começa a dar sinais de recuperação. Um dos indicativos desta retomada é o investimento da indústria nacional na robotização da produção. Segundo dados da Federação Internacional de Robótica (IFR, da sigla em inglês), em 2016, foram vendidos 1,8 mil robôs industriais no mercado nacional.
Embora seja um avanço, é um volume considerado ainda baixo em relação aos países mais desenvolvidos, como a China, que vende cerca de 90 mil unidades por ano, e a Coreia do Sul, 40 mil. Porém, o volume de robôs tende aumentar no Brasil até 2019. A IFR aponta que o setor da indústria deve adquirir 400 mil robôs industriais. No Brasil, serão 3.500 novas unidades nas fábricas, mais que o dobro do registrado em 2015, que foi de 1.407 unidades.
De acordo com Guilherme Thiago de Souza, CEO da Roboris, empresa de tecnologia e engenharia, com foco no desenvolvimento de projetos ‘turn key’ de células robotizadas e automação industrial, esse aumento se deve principalmente ao setor automotivo, que atualmente é o que mais investe nesta tecnologia e que foi responsável por introduzir os robôs na produção industrial brasileira.
“No mundo, cerca de 70% dos equipamentos estão neste segmento. Como os robôs possuem capacidade de movimento similar ao do braço humano, são mais usados em tarefas pesadas, como a soldagem, a pintura e o carregamento de máquinas”, afirma.
No entanto, outros setores, com destaque para as indústrias de alimentos e bebidas, automobilística, eletroeletrônica e química, também têm contribuído para o avanço da robotização no Brasil.
“Na indústria alimentícia, por exemplo, cada vez mais há uma procura por soluções com sistemas de paletização, que além de garantir uma padronização da produção, contribui também para preservar a segurança e integridade física dos profissionais que atuam no setor, substituindo-os nas funções de maior risco, como as que envolvem trabalho braçal e esforços repetitivos”, conta Guilherme.
O uso de robôs também possibilita que as condições de trabalho dos funcionários sejam melhoradas. “Não há mais problemas com poeira, alto ruído, má postura para execução de determinada função, calor e ambiente perigoso ou insalubre e que possam acarretar em problemas para a saúde do trabalhador. Com isso, eles podem ser capacitados para outras atividades, como as de programadores do equipamento”, ressalta.
Mas não dá para falar de investimentos na indústria sem pensar em fatores que estão na mente do gestor, como a redução de custos, aumento da produtividade e lucratividade, e a melhora na competitividade. “E, nesses quesitos, a tecnologia robótica tem muito a oferecer, já que possibilita uma previsão da produção e de custos, a uniformização de produtos, um maior controle de qualidade, além da possibilidade de monitoramento de todas as etapas do processo de produção em tempo real”.
Ainda permite a redução de custos diretos e indiretos, fazendo grande diferença na competitividade da empresa no mercado. “A redução de energia é um exemplo. Sem requerimento mínimo de energia ou níveis de aquecimento, os robôs oferecem grande redução de custos nas contas elétricas”.
Outro ponto positivo para o avanço da robotização no Brasil é o custo. Hoje o valor do robô é 300% mais baixo do que em 1990, quando os primeiros robôs apareceram por aqui.
“Mas ainda há alguns entraves que precisam ser ultrapassados, como o “Custo Brasil”, que afeta a capacidade das empresas de oferecer preços competitivos, o excesso de burocracia existente no país, a carga tributária elevada, além da mão de obra, que precisa ser especializada e capacitada para absorver a nova demanda.
Outro obstáculo que precisa ser superado é com relação ao investimento em projetos de automação. O medo do novo e a falta de conhecimento com relação a tecnologia, fazem com que muitos empresários ainda tenham receio na hora de investir”, finaliza o executivo.