Fonte: Agência Fapesp - 07/08/2007
Um projeto financiado pelo governo brasileiro pretende desenvolver e aperfeiçoar a produção de etanol a partir do bagaço da cana-de-açúcar por meio do processo de hidrólise enzimática. O Projeto Bioetanol reúne cerca de 150 pesquisadores de 14 universidades brasileiras, além de outros centros de pesquisa nacionais e estrangeiros.
Hidrólise enzimática
Segundo a coordenadora científica do projeto, Elba Bon, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), já existe um pedido de planta piloto feito pelo Ministério da Ciência e Tecnologia para calcular os custos da produção de etanol por esse processo.
Segundo a pesquisadora da UFRJ, o conhecimento sobre a hidrólise enzimática está bastante avançado no Brasil, tanto pelos resultados de pesquisas como por particularidades do país. Sabe-se, por exemplo, que um pré-tratamento do bagaço otimiza a hidrólise. "Esse pré-tratamento é feito há tempos na produção de ração animal", disse. Os fabricantes de ração animal utilizam o processo de explosão a vapor, em que o bagaço é aquecido a altas temperatura e pressão e explode.
Microorganismos e enzimas
Também são conhecidos os microrganismos responsáveis pela produção de enzimas usadas na hidrólise do bagaço da cana. De acordo com Elba, um dos principais pontos para reduzir os custos de produção do etanol seria fabricar enzimas na própria empresa. O custo da enzima importada é de US$ 7 por litro, ou US$ 2 por litro de etanol produzido, um valor inviável comercialmente. "Nós colocamos o limite de custo de US$ 0,17 por litro de enzimas, ou de US$ 0,05 por litro de etanol produzido", disse ela.
Outra possibilidade seria unir a produção de etanol do bagaço de cana com o obtido pela fermentação alcoólica convencional, produzindo etanol de melhor qualidade. Segundo a pesquisadora, toda a cadeia do processo convencional existe há anos no Brasil.
Hidrólise ácida
Segundo Jaime Fingerut, pesquisador do Centro de Tecnologia Canavieira (CTC), o uso de enzimas na conversão de biomassa em açúcar é muito recente e tem grande potencial de desenvolvimento. Ele apresentou algumas das principais pesquisas sobre o assunto, comparando a hidrólise enzimática com a ácida. "A hidrólise ácida tem elevados custos para resolver problemas de corrosão e aumentar a resistência dos materiais", disse.
A hidrólise enzimática, segundo ele, também não tem todas as características ideais, o que ressaltaria a necessidade de mais pesquisas na área. "O processo precisa ter baixo custo, baixo impacto ambiental, flexibilidade do uso de matérias-primas e baixo gasto de energia", disse à Agência FAPESP.
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