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Por iniciativa própria e sem intermediários do governo brasileiro - ou cearense - a chinesa Goldwind, umas das gigantes do setor eólico mundial, vem prospectando negócios no Ceará desde o ano passado, segundo contou Bernardo Santana, sócio da BBMA Advogados e especialista no setor de energia. De acordo com ele, nos últimos meses, a empresa mirou em um projeto de cerca de R$ 2 bilhões localizado no Cariri cearense.
O empreendimento é um parque eólico de 267 megawatts (MW) que já conta com todo licenciamento devidamente aprovado e cuja participação no leilão de energia renovável de dezembro é certa. A negociação, no entanto, ainda não avançou, segundo Santana. "Ainda não chegou ao ponto de discutir se compraria tudo, se quero 70% ou 30% (de participação). Eles (os chineses) ainda estão analisando o risco, porque como não teve leilão para energia renovável no ano passado, muitos projetos ficaram acumulados, o que gerou muita oferta no mercado nacional", revela.
A entrada no Brasil como sócia de um parque eólico, segundo avalia Santana, daria margem para a Goldwind iniciar a venda dos primeiros aerogeradores no País e, assim, abrir caminho para a instalação completa no País.
Hoje, no mundo, ela disputa mercado com grandes players do setor eólico, e encerrou 2016 como a terceira maior produtora de turbinas eólicas do mundo, quase empatada com a norte-americana GE e atrás da líder, a dinamarquesa Vestas Windpower, que já possui uma unidade instalada no Ceará.
O advogado também conta que soube de encontros de representantes da Goldwind com o governo cearense, ainda no ano passado, na tentativa de instalar uma indústria de aerogeradores no Estado. No entanto, a investida no Ceará foi apenas mais uma entre inúmeras já executadas pela empresa em outros estados do Nordeste, como Bahia, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e Pernambuco.
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Santana conta ainda que os chineses tentaram assumir a unidade de turbinas eólicas da Impsa, em Pernambuco, após a falência da empresa argentina. De acordo com matéria publicada pela agência Reuters, a negociação visava a aquisição de 70% da Energimp, criada pela Impsa e o o fundo de investimentos do FGTS (FI-FGTS). O restante das ações envolvia ainda a chinesa Zhejiang Electric Power Construction Co. (ZEPC) para a construção de oito usinas eólicas cujas obras foram paralisadas.
De acordo com Santana, a tecnologia utilizada na unidade pernambucana era próxima da chinesa e isso viabilizaria o investimento. No entanto, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), conforme diz a Reuters, o acordo foi negado pela Aneel.
Informações do mercado dão conta que a Goldwind analisa o mercado de energia brasileiro há pelo menos três anos. Movimento que coincidiu com a crise econômica, mas que não inibiu o interesse, principalmente, pelo aumento da participação da energia eólica na matriz de geração elétrica nacional.
Acesso a financiamentos
O interesse da chinesa em investir uma unidade fabril no Brasil é justamente para garantir solidez ao negócio, a partir do acesso a financiamentos que instituições como o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) ofertam a indústrias do setor.
"Só com fábrica aqui terão acesso ao BNDES. O interesse deles especificamente no projeto do Cariri era trazer as turbinas da Goldwind para esse projeto. Isso poderia ser o start da entrada deles no Brasil", afirmou Bernardo Santana.
Outro fator que deve pesar na decisão da Goldwind em como e onde investir é o incentivo fiscal dado pelos estados a grandes empreendimentos. Provavelmente, por isso, os representantes da empresa aproveitaram a dinâmica reconhecida nacional entre os estados nordestinos de atrair empresas a partir de isenções e abatimentos de tributos.
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