Rota 2030 vai inserir Brasil no mercado global de veículos

Para Sindipeças, programa é chance de melhorar competitividade internacional.

O Rota 2030 será um conjunto de regras para o setor automotivo desenhado com foco no mercado, não em tributos ou metas de manufatura, como é o Inovar-Auto, que termina no fim de 2017. Esta é a análise de Dan Ioschpe, presidente do Sindipeças, entidade que representa as empresas da cadeia produtiva. Com isso, ele diz que toda a legislação pretende balizar a indústria nacional para que ela produza os veículos que vão atender ao consumidor brasileiro e internacional. “A América do Sul tem um mercado de 3,5 milhões de veículos por ano. Não é pequeno, nem desprezível, mas se nos isolarmos vamos perder a oportunidade de avançar no mercado global, que soma 90 milhões de unidades”, calcula.

O executivo aponta que o potencial da indústria nacional para exportar vem sendo demonstrado ao longo de 2017. Com acordos comerciais costurados recentemente e empenho das empresas, mais de um terço dos 1,48 milhão de veículos produzidos no Brasil em 2017 foram vendidos a outros mercado. “Na indústria de autopeças, 32% da nossa atividade foi para exportação”, estima, somando os negócios feitos diretamente para o aftermarket e os componentes que saem do Brasil já embarcados nos carros feitos aqui e vendidos fora pelas montadoras. 

Sem medidas exclusivas para o setor de autopeças 

Ioschpe acredita que o papel do Rota 2030 será intensificar este fluxo. O desenho do programa reune empenho do governo, de uma série de entidades, como o Sindipeças, e de especialistas. Ao contrário do que poderia se esperar, o presidente da organização não defende medidas direcionadas à cadeia produtiva, que segue enfraquecida por anos de perda de competitividade e, mais recentemente, pela crise. Na visão dele, criar um programa que ajude o setor automotivo a fazer carros exportáveis, com metas de segurança e eficiência energética é o pilar mais importante, o que vai estimular o avanço das empresas de autopeças. 


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Outro salto, diz, está em garantir mais oportunidades para que as fabricantes de componentes acessem programas de fomento à inovação e ainda iniciativas de treinamento e capacitação da gestão, por exemplo. Em paralelo, ele defende que, pouco a pouco, o governo trabalhe na solução de problemas já muito conhecidos do País, como questões de infraestrutura, de tributação e de custos trabalhistas - este último, na visão de Ioschpe, deve ter avanço importante com a nova legislação. 

O presidente do Sindipeças avalia que este trabalho na indústria pode evoluir ainda que o cenário político permaneça instável. “Estamos falando de uma visão para o País. O Brasil precisa encontrar uma agenda que contemple a integração competitiva. É algo que se auto-alimenta independentemente de um governo ou de outro e traz otimismo e atratividade para novos investimentos”, diz.