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O aumento da conectividade nos carros traz um efeito colateral importante: o maior risco de que os veículos e, consequentemente, os dados dos consumidores, sejam hackeados. Com isso, a cibersegurança está entre as prioridades de presidentes de companhias instaladas no Brasil. O estudo CEO Outlook, da KPMG, mostra que 74% dos 50 CEOs brasileiros de diversos setores que participaram do levantamento concordam que é natural que eles sejam responsáveis por tomar atitudes para mitigar riscos cibernéticos. “Há forte preocupação com este aspecto entre os executivos do País. Na indústria automotiva, especificamente, temos falado muito do assunto com diversas empresas”, conta Ricardo Bacellar, líder da área na consultoria. “As empresas precisarão desenvolver soluções locais de segurança cibernética.”
Para o especialista, ainda que as matrizes das empresas desenvolvam soluções de cibersegurança internacionalmente, é impossível blindar um carro de ataques e invasões apenas com tecnologias importadas. “Estamos falando de algo muito complexo que envolve o ciclo global da informação: desde quando ela é gerada até o descarte destes dados. Cada porta de saída pode ser uma porta de entrada e estamos abrindo muitas delas”, diz.
Segundo Bacellar, mesmo se o produto for fortemente preparado para combater hackers, tudo está intimamente ligado à infraestrutura e, portanto, a interação com a rede nacional de internet ou com servidores instalados no Brasil pode trazer novos riscos. “A indústria trabalha com veículos e plataformas globais, mas não pode correr o risco de achar que um produto evoluído em cibersegurança lá fora estará imune a esses problemas aqui”, enfatiza.
Segurança cibernética dos carros é fraca
Bacellar destaca que os automóveis, em geral, não são desenhados com preocupação em segurança cibernética. O consultor calcula que um veículo hoje é mais vulnerável do que um jato comercial. Na aeronave a estrutura de dados é desenhada com o objetivo de blindar ataques, com rotas de dados diferentes para entretenimento e informações de voo, por exemplo. No caso dos carros, o especialista aponta que há uma única estrutura de dados interna, o que aumenta o risco de acesso a dados sensíveis em caso de invasão. “Com a evolução do produto esta estrutura terá que ser repensada”, avalia.
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“Como consultoria, vimos esse desafio ser enfrentado por outros setores, como o de telecomunicações e, portanto, sabemos da importância de investir nessa área”, conta Bacellar. Ele conta que há pelo menos três anos vem debatendo o assunto com a indústria automotiva que está cada vez mais sensível ao assunto. “Fechamos um projeto grande com uma montadora no Brasil para ajudá-la a desenhar a infraestrutura de segurança cibernética para carros conectados”, diz, sem especificar quem é o cliente. “Este assunto está na agenda dos presidentes e diretores de inovação do setor automotivo.”
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