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Com mais de 100 anos de história, a sistemista alemã ZF acumula uma série de vitórias. A questão é que agora, com a revolução em curso no setor automotivo, a companhia entendeu que não basta ter competência e experiência para inovar. É preciso também se manter aberta. Esta é a opinião de Peter Lake, membro do conselho de administração com responsabilidade pelo marketing global. “Nenhuma empresa tem monopólio de grandes ideias, por isso estamos em busca de mais colaboração”, declarou durante evento global realizado pela companhia para apresentar novidades tecnológicas à imprensa.
Por colaboração entende-se: buscar startups e empresas de tecnologia que ofereçam soluções que possam ser aproveitadas e desenvolvidas pela ZF. Uma das ferramentas criadas para isso foi a Zukunft Ventures, divisão de capital de risco da companhia criada em 2016 para investir em startups promissoras para o negócio da companhia. A empresa descreve seu novo braço como uma maneira de ganhar agilidade e flexibilidade, desenvolver o empreendedorismo e acessar novas tecnologias.
Um dos frutos desta iniciativa é a parceria com a Ibeo, jovem empresa alemã especializada em sensores Lidar – recurso essencial para a direção autônoma. “Eles têm a evolução da tecnologia. Por isso, compramos participação de 40% do controle acionário. Vamos largar na frente. Muitas vezes, uma startup com duas ou três pessoas pode nos trazer grandes respostas, mostrar oportunidades que não enxergaríamos sozinhos”, justifica Lake.
O próprio executivo é um dos frutos do esforço da organização para inovar. Ele, que trabalhou na TRW por mais de 15 anos, passou a ocupar a nova posição na ZF após a companhia alemã ter comprado a empresa norte-americana em maio de 2015. “Em 2013 a ZF traçou um plano estratégico e se deu conta de que precisaria de novas frentes para atender às demandar emergentes no setor com o carro autônomo e a eletrificação”, conta Lake, apontando que a compra da TRW foi o primeiro grande passo dentro desta nova orientação.
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À caça de bons parceiros
Com 136 mil funcionários no mundo e € 2 bilhões aplicados na área de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) em 2016, a ZF aumenta rápido o ritmo e a avidez por firmar novas parcerias. Desde o ano passado, a companhia já estabeleceu colaborações com a Nvidia para criar um sistema de inteligência artificial; comprou 45% do controle acionário da Astyx, que produz radares de ultra alta frequência e, ainda, se associou à Faurecia para desenvolver painel para os carros do futuro.
A tendência é que esta lista não pare de crescer. Na última semana a sistemista firmou acordo de cooperação com a Hella para tecnologias de sensor, especialmente para sistemas de câmera dianteira, imagem e radar. “Estamos abrindo as portas para startups de todo o mundo. Fizemos este ano o nosso primeiro pitch com 57 empresas de todo o mundo”, conta Lake, sobre o evento que deu espaço para que as startups apresentassem suas soluções. Segundo ele, o evento atraiu empreendedores da China, Índia, México e uma série de outros países. “Há espaço para novos negócios brasileiros”, garante, deixando aberto o convite para startups do País.
O foco, diz, é encontrar empresas que ajudem a gigante alemã a alcançar a Visão Zero, meta ambiciosa de eliminar as emissões dos veículos e os acidentes com morte no trânsito. O próprio Lake admite que o segundo objetivo parece mais palpável. “O básico para automação nós já temos, que são as câmeras, sistemas de assistência e sensores lidar. É a estrutura que precisamos para avançar. O principal desafio agora é desenvolver software e algoritmos”, aponta. O caminho é incerto, reconhece, mas ele acredita que o objetivo final está claro.
Quanto à eletrificação, no entanto, o executivo aponta que há ainda mais margem para dúvidas. “O ritmo desta evolução não está definido. Sinto que temos que ter as tecnologias e a capacidade para estarmos prontos quando for necessário”, acredita. Lake entende que a indústria precisará encontrar um caminho capaz de convergir os diversos interesses dos diversos perfis de clientes da indústria automotiva hoje. “Temos que encontrar respostas e criar uma solução. Como disse Steve Jobs, o próprio consumidor não sabe o que ele quer”, aponta, citando que a inovação pode vir de qualquer direção.
A visão colaborativa da companhia - algo que começa a se tornar cada vez mais comum na até então fechada indústria automotiva – aparentemente já traz bons resultados, com redução dos passivos e incremento no faturamento no ano passado, diz Lake. O primeiro semestre deste ano confirmou esta tendência positiva, garante o executivo. “Essa solidez econômica nos permite seguir em frente e buscar que o carro seja capaz de ‘ver, pensar e agir’”, diz, citando o slogan da ZF que abriu mão do monopólio de grandes ideias.
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