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O Brasil precisaria produzir 25 milhões de toneladas de biocombustíveis avançados para atender o setor da aviação até o ano de 2050, quando as empresas aéreas se comprometeram a baixar seus níveis de emissão de gás carbônico na atmosfera. Hoje o setor é responsável pela emissão de 3% de CO2, de todo o planeta. O compromisso de redução foi firmado durante a 21ª Conferência das Partes (COP21), em Paris, em 2015, mas, para avançar, ainda depende de um entrave dificílimo: não há produção suficiente de bioquerosene (o biocombustível específico para a aviação) e, se um dia houver em grande escala, será possivelmente o Brasil o responsável pela produção, como acreditam os pesquisadores.
“Se há algum lugar no mundo que pode ter chances de fazer alguma coisa exitosa em biocombustível de aviação ou marítimo é o Brasil porque nós temos todo tipo de biomassa, temos cana, eucalipto, soja abundante, temos muita terra ainda que não está sendo utilizada, entre outros fatores”, avalia Telma Teixeira Franco, coordenadora do Núcleo Interdisciplinar de Planejamento Estratégico (Nipe) da Unicamp. Os desafios para a implantação de biocombustíveis avançados, não só para a aviação como também para o setor marítimo foi discutido no 3º Workshop Bioenconomia realizado em dois dias, 17 e 18 de outubro, no auditório da Faculdade de Engenharia Química (FEQ).
De acordo com a coordenadora, o evento foi realizado em conjunto com o Agropolo Campinas – Brasil, plataforma interinstitucional, que tem o objetivo de desenvolver projetos de cooperação técnica nas áreas de agricultura, alimentação, biodiversidade, bioenergia, química verde e desenvolvimento sustentável. “Nosso foco foi o de colocar em contato os principais atores com interesse nos biocombustíveis e ver o que é possível fazer para os negócios avançarem”. O workshop também teve a parceria com a fundação holandesa BE-Basic, que há mais de uma década tem um trabalho de cooperação com a Unicamp. A Holanda, afirma Telma, é um dos países defendem a ideia da bioeconomia em substituição, ou complementação à economia baseada em recursos fósseis.
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Durante os dois dias do evento experiências da produção e do uso do bioquerosene para a aviação e marítimo foram discutidas. Mas também estiveram no encontro empresas potenciais fornecedoras de matéria prima, potenciais consumidoras e debatedores dos setores de financiamento e regulação como Finep – Financiadora de Estudos e Projetos, do Governo Federal e ANP - Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis.
Um dos principais fatores que contribuem para que não se produza os biocombustíveis hoje, conforme salientou a coordenadora, é o custo. “É muito mais barato produzir o combustível fóssil”. Um “plano de voo” para biocombustíveis de aviação no Brasil já foi desenhado num projeto em parceria da Unicamp com a FAPESP, Boeing, e Embraer, que terminou em 2013. “Desta vez pensamos em colocar para os participantes as perguntas que consideramos mais importantes: quais barreiras precisam ser removidas? Qual o tamanho do mercado? Quais aeroportos? Como é a logística de distribuição de matéria prima e do produto? A gente acredita que é verdade que isso pode ajudar mesmo o país, é um nicho de negócios importante, viável? ”, esclareceu Telma.
Por fim os participantes do workshop desenvolveram dois mapas que reúnem os desafios tecnológicos e não-tecnológicos que são os que dependem de outras questões como, por exemplo, impostos ou benefícios que podem ser oferecidos como contrapartida aos produtores, a quantificação precisa da redução dos impactos ambientais e de gases de efeito estufa, além da formação de recursos humanos e, sobretudo, a sensibilização da sociedade para a importância do consumo mais consciente.
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