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O ritmo fraco do mercado brasileiro não frustrou os planos da alemã Hella para o país. A empresa inaugurou no fim de abril sua primeira fábrica própria no Brasil, em Indaiatuba (SP), fruto de investimento de R$ 43 milhões. Dali saem módulos eletrônicos que, por enquanto, atendem à demanda da Volkswagen. O plano, no entanto, é aumentar o número de clientes e a gama de produtos.
Para isso, a companhia prevê investimento adicional de R$ 20 milhões até 2019. O aporte dará conta da instalação de mais duas linhas de montagem na unidade: uma de sistemas de direção elétrica e outra de sensores de pedais. “Notamos crescimento da demanda por este produto, mas antes de investir queremos fechar um contrato de fornecimento”, esclarece Carlos Bertozzi, diretor geral da Hella do Brasil.
Por enquanto a companhia faz na nova planta apenas módulos eletrônicos de cabine, dispositivos que controlam os sistemas do habitáculo do veículo. Os componentes são fornecidos à Volkswagen, mas os volumes ainda estão baixos por causa da crise que inibiu as vendas de veículos. “Estamos entregando um terço do que prevíamos inicialmente”, admite Bertozzi. Das 600 mil peças estimadas no início do projeto, as encomendas encolheram para 150 mil unidades.
Nos próximos meses entra em operação nova linha de produtos na unidade, módulos de gerenciamento eletrônico do motor que prometem redução de 1% no consumo de combustível do carro. A melhoria garantida pela empresa já garantiu um cliente. “Vamos fornecer para uma grande montadora, que instalará a novidade em toda a sua linha”, conta Bertozzi.
Segundo ele, há ainda outras negociações. “O interesse é motivado pelo Inovar-Auto”, aponta. O regime automotivo exige melhoria da eficiência energética dos carros em 12%. As medições para aferir os resultados começam ainda 2016, mas as companhias têm oportunidade de mostrar avanços maiores do que o mínimo exigido para conseguir descontos adicionais no IPI.
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Sondagem do mercado brasileiro
A Hella está no Brasil desde 2011 com presença no fornecimento a montadoras e ao mercado de reposição. Até a inauguração da planta de Indaiatuba, a empresa atendia a demanda nacional com importações e com a montagem feita em parceria com a Emicol Eletro Eletrônica em Itu (SP), além de manter a sua sede administrativa no bairro do Ipiranga, em São Paulo (SP).
A fábrica própria saiu do papel rápido. “Fechamos o aluguel do galpão e, em seis meses, em janeiro deste ano, já estávamos homologando as primeiras unidades feitas aqui”, conta Bertozzi, explicando que a empresa fez ainda uma série de acertos até a inauguração oficial, em abril. Hoje a companhia conta com 55 funcionários no Brasil, 40 deles na fábrica, número que deve crescer para 100 conforme os planos de ampliar a produção se concretizarem. “Empregamos pessoas muito capacitadas. A maioria passa por treinamento no exterior”, conta.
Bertozzi aponta que a planta de Indaiatuba servirá como uma espécie de termômetro do mercado brasileiro. “Queremos ver como conseguimos atender ao nosso cliente aqui e, claro, buscar a rentabilidade”, aponta. Ele dá sinais de que, se a operação nacional passar nestes primeiros testes, há potencial para que o país receba mais aportes da companhia. “Somos conhecidos mundialmente pela nossa tecnologia para a área de iluminação, mas produzir isso localmente exige grande investimento”, aponta.
O diretor da Hella reconhece que o momento é difícil para os negócios no Brasil, mas enfatiza que o foco da companhia é o longo prazo. “Sabemos que não seremos rentáveis em 2017 ou 2018, mas os alemães são estratégicos e acreditam no potencial para o futuro.” Bertozzi estima que, em 2019, o Brasil retomará a posição de quarto maior mercado de veículos do mundo. “Em três anos voltaremos ao patamar de vendas que tínhamos em 2013”, calcula.
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