FMI vê Brasil encolhendo mais em 2016 e estagnado no ano seguinte

O Fundo Monetário Internacional (FMI) voltou a piorar sua projeção de contração da economia do Brasil este ano e alertou que as estimativas estão sujeitas a grandes incertezas, destacando a necessidade de uma política monetária apertada para levar a inflação à meta até 2017.

O FMI calcula que o Produto Interno Bruto do Brasil (PIB) recuará 3,8 por cento em 2016, contra projeção de contração de 3,5 por cento feita em janeiro.

Se confirmado, esse resultado repetiria o desempenho da economia em 2015, que foi o pior desde 1990. Na América Latina, o quadro desenhado pelo Brasil só não é pior do que as retrações de 8 e 4,5 por cento previstas respectivamente para Venezuela e Equador neste ano, ainda segundo os cálculos do FMI.

No geral, a América do Sul deve encolher 2 por cento neste ano, com a América Latina e Caribe recuando 0,5 por cento.

"...a recessão (no Brasil) afeta o emprego e a receita real e as incertezas domésticas continuam pressionando a capacidade do governo de formular e executar políticas", apontou o FMI em seu relatório "Perspectiva Econômica Global" divulgado nesta terça-feira.

Para 2017, o organismo considera que muitos dos choques de 2015 e 2016 terão chegado ao fim e a atividade brasileira deve se tornar positiva durante o ano com a ajuda da moeda mais fraca, mas ainda assim o PIB ficará estagnado.

"Essas projeções estão sujeitas a grande incerteza", alertou o FMI, sem dar mais detalhes. O desempenho da economia brasileira ajuda a pressionar as estimativas para o crescimento global, que foram reduzidas respectivamente em 0,2 e 0,1 ponto percentual para 2016 e 2017 em relação a janeiro, para expansão de 3,2 e 3,5 por cento.

A contração esperada pelo FMI para o Brasil em 2016 está em linha com a de economistas consultados na pesquisa Focus do Banco Central, mas o desempenho previsto para 2017 é um pouco mais pessimista, uma vez que a pesquisa aponta crescimento de 0,3 por cento do PIB.


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Para o FMI, o governo brasileiro deveria perseverar com seus esforços de consolidação fiscal para alimentar reviravolta na confiança e nos investimentos.

Medidas tributárias são necessárias no curto prazo já que o escopo para cortar gastos discricionários são seriamente limitados, aponta o FMI, "mas o desafio mais importante é lidar com a rigidez e mandatos insustentáveis do lado dos gastos".

No relatório, o FMI ainda projetou inflação ao consumidor no Brasil de 8,7 por cento em 2016 e de 6,1 por cento no ano seguinte, em ambos os casos acima do teto da meta do governo, e afirma que a redução da alta dos preços na direção do centro do objetivo - de 4,5 por cento pelo IPCA - até 2017 exigirá uma postura de política monetária apertada.

Para o desemprego, a projeção do FMI para este ano é de 9,2 por cento, subindo a 10,2 por cento em 2017. Já o déficit em conta corrente foi estimado em 2,0 e 1,5 por cento do PIB, respectivamente.

O FMI não mencionou o cenário político do país em seu relatório, em meio ao processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff.


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