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Controlado pelos grupos Camargo Corrêa e Queiroz Galvão, o Estaleiro Atlântico Sul, localizado no litoral de Pernambuco, vai receber aporte de pelo menos R$ 380 milhões dos acionistas este ano. Com objetivo de sanar os problemas de liquidez do negócio, a injeção de capital foi aprovada em duas reuniões do conselho de administração da EAS em janeiro e fevereiro, após a empresa fechar 2015 com prejuízo de R$ 379,24 milhões, aumento de 15% sobre o ano anterior.
"O suporte reflete a confiança dos acionistas na administração e no futuro do EAS, e é realizado com objetivo de munir o EAS com recursos necessários para implementação do seu plano de reestruturação", afirmou a companhia nas notas explicativas das suas demonstrações financeiras auditadas, divulgadas ontem.
O montante de novos recursos na companhia este ano é superior ao que foi aportado pelos acionistas em 2014 - R$ 186 milhões. O EAS tem um passivo financeiro de curto prazo (financiamento com bancos e debêntures) superior as duas disponibilidades de caixa. Ao fim do ano passado, a empresa tinha dívida de mais de R$ 2,1 bilhões. Desse total, R$ 455, 7 milhões eram de compromissos com vencimento em de até 12 meses, enquanto a empresa tinha apenas R$ 141,22 milhões em caixa. O patrimônio líquido da companhia era de R$ 45 milhões.
O aporte de capital se fez necessário também devido à exigência contratual, por parte dos credores financeiros, de suporte dos acionistas em caso de descumprimento das cláusulas de endividamento - os chamados 'covenants' - das operações contratadas.
Segundo o Valor apurou, a japonesa IHI, também sócia do EAS, não quis acompanhar o aumento de capital este ano, tendo sua participação na empresa diluída. Posteriormente, a japonesa teria deixado a sociedade. Nem a IHI e tampouco o EAS comentam essa informação "por questões contratuais".
A receita líquida do estaleiro com construção naval no ano passado, quando a companhia entregou três navios, caiu mais 68,5%, para R$ 599 milhões, em relação a 2014. O resultado final não foi pior porque o EAS registrou R$ 969,51 milhões em outras receitas operacionais, que não foram especificadas nas suas demonstrações financeiras. Procurado, o EAS disse que "não iria comentar sobre o seu balanço".
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Fundada em 2005 com a promessa de ser grande vetor do renascimento da indústria naval brasileira, o Estaleiro Atlântico Sul (EAS) entrou em grave crise quando, no ano passado, cancelou o contrato de construção de sete navios-sonda com a Sete Brasil por inadimplência da contratante. Nenhum dos navios chegou a ser entregue pelo EAS, embora alguns já estivessem em fase avançada de construção.
Em função do encerramento, o EAS iniciou um processo de renegociação de contratos com fornecedores de materiais e serviços, "tendo obtido sucesso com alguns fornecedores", escreveram os auditores independentes, no seu parecer sobre o balanço da empresa.
Este ano, a situação do EAS piorou quando houve redução, pela metade, das 22 encomendas de navios gaseiros da Transpetro.
Segundo o EAS, um plano de enxugamento de pessoal e de reestruturação gerencial já foi colocado em prática. As áreas de suporte e produção tiveram seus efetivos ajustados em mais de 50%, disse a companhia no seu relatório de desempenho. Além disso, houve uma eliminação "significativa" no número de diretorias, gerências, coordenações e supervisões e o fechamento do escritório central. Foi mantido o escritório de operações que passou a englobar a área administrativa. "O resultado foi o aumento da eficiência geral da organização e a redução de custos", afirmou a companhia.
O Estaleiro Atlântico Sul (EAS) foi citado, em 2014, em um dos depoimentos da Operação Lava Jato por suposto envolvimento com irregularidades de contratos com a Petrobras. A empresa diz que "realizou investigações internas, conduzidas por especialistas independentes, que não confirmaram tais alegações".
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