Fonte: Diário Comércio Indústria e Serviços - 16/07/07
O Estado do Maranhão começa a despontar como um novo pólo siderúrgico no País. Dois grandes projetos estão na mira do governo estadual: um deles foi recentemente apresentado pela recém-criada Companhia Siderúrgica do Mearim, está avaliado em US$ 5 bilhões e prevê uma usina de até 10 milhões de toneladas de placas, chapas e bobinas de aço. O outro, mais antigo, é uma parceria da Companhia Vale do Rio Doce e da chinesa Baosteel. Também orçado em cerca de US$ 5 bilhões, a planta teria uma capacidade inicial de 7 milhões de toneladas anuais de placas, com possibilidade de expansão até 10 milhões de toneladas.
O que mais atrai os investidores é a posição estratégica do Maranhão. O estado está próximo dos principais centros consumidores de aço do mundo, Estados Unidos e Europa, e no meio do caminho para a China, facilmente alcançada pelo Canal do Panamá. Não por acaso, os dois projetos visam produzir para o mercado externo.
Hoje, o Maranhão tem sete companhias do setor, todas voltadas para a exportação, mas nenhuma delas produz aço. As empresas produzem 1,6 milhão de toneladas anuais de ferro-gusa, um produto intermediário na cadeia produtiva do aço.
Até 10 milhões de toneladas
Apesar de ter sido apresentado ao governo estadual depois, o projeto da Mearim está em negociações mais avançadas. Há duas semanas, representantes da empresa entregaram os estudos de impacto ambiental da usina ao governo estadual.
O documento prevê uma planta no Município de Bacabeira, a 50 km da capital, São Luís, já no continente. A primeira etapa do projeto prevê uma produção de 5 milhões de toneladas com início de atividade previsto para 2010. A segunda etapa seria concluída em 2013, quando a usina alcançaria 10 milhões de toneladas.
O projeto também contempla um terminal portuário no rio Mearim, avaliado em US$ 250 milhões. O porto seria de uso misto e destinado à exportação da produção siderúrgica e à movimentação de outros produtos, como grãos e bens industriais.
A profundidade do porto ficaria entre 15 e 20 metros e ele teria capacidade para mais de 100 milhões de toneladas de produtos. A operação do terminal ficará a cargo de outra empresa, segundo Tarcísio Ferreira, diretor da Companhia Siderúrgica de Mearim.
Em entrevista ao DCI, Ferreira afirmou que o projeto de Bacabeira será a primeira unidade da Siderúrgica de Mearim, criada com o propósito de explorar o potencial siderúrgico maranhense. Ela pertence ao grupo Aurizônia, fundado em 1983 e que controla outras quatro empresas: duas na área de petróleo - Potioleo e Aurizônia Petróleo -, uma de informática, a Tauá Biomática, e uma que presta serviços laboratoriais, a Analytical Solutions.
O grupo também tem 33,3% das ações da holding que controla a Mineração Caraíba. É na experiência adquirida com a mineração e na equipe de executivos egressos da Caraíba Metais, empresa que hoje pertence ao grupo Votorantim, que o grupo está contando para atrair parceiros internacionais interessados em tocar seu projeto siderúrgico. "Percebemos o potencial do Maranhão e decidimos investir em um projeto para o continente, pois suspeitávamos que as tentativas feitas na ilha não dariam certo", disse Ferreira, referindo-se ao projeto da Vale com a Baosteel. Também está em negociação o suprimento do minério de ferro necessário para abastecer a siderúrgica.
Impasse na localização
No caso do projeto da Vale, o impasse para a concretização da usina está na sua localização, ponto forte do projeto rival. A Vale e a Baosteel têm preferência por São Luís especialmente por se tratar de uma ilha, o que permitiria uma maior integração logística. A Vale já opera o terminal de Ponta da Madeira, na capital, por onde exporta a produção de minério de ferro de Carajás (PA). O governo estadual, no entanto, entende que o parque industrial de São Luís está consolidado e que outras regiões precisam se desenvolver.
A Vale está investindo largamente na infra-estrutura logística do Maranhão. A companhia prevê investir US$ 337 milhões em 2007 na ampliação da Estrada de Ferro Carajás, que corta os Estados do Pará e Maranhão, e no terminal Ponta da Madeira.
"Os recursos objetivam permitir o crescimento de 100% da produção de minério de ferro de Carajás (PA) nos próximos quatro anos, superando os 200 milhões de toneladas", afirmou o diretor de Logística Norte da mineradora, Zenaldo Oliveira.
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