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Após seis meses de consecutivas quedas, as vendas internas de máquinas agrícolas e rodoviárias cresceram 50,4% em fevereiro em relação a janeiro de 2016. Foram 2.346 unidades comercializadas. O comércio de tratores movimentou o maior número, com 1.912 entregas, contra 1.081 vendidos no primeiro mês do ano. Já as vendas de colheitadeiras, modelos mais caros, tiveram recuo de 2% no mês, para 329 unidades -- oito unidades a menos que em janeiro. Os dados foram divulgados pela Associação de Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) na última sexta-feira (4).
Apesar da reação, o número atual está abaixo do resultado obtido no mesmo mês de 2015, quando foram vendidas 36,5% mais máquinas. No bimestre, o tombo é de 44,6% em relação ao ano passado. Mais uma vez, a Anfavea aponta o pessimismo econômico e político como vilões do setor. “Essa queda de quase 45% no bimestre demonstra claramente a baixa confiança do produtor. A queda (das vendas internas de máquinas agrícolas) do agronegócio é claramente incompatível com a realidade econômica do setor, que tem safra recorde prevista para esse ano”, diz Luiz Moan Yabiku Junior, presidente da entidade.
O aquecimento no mercado ocorre no momento em que os trabalhos de colheita e plantio ganham ritmo no Brasil. A correria agora é com a semeadura da segunda safra, que tem janela de plantio apertada. Portanto, quando o clima permite, os agricultores colocam o maior número de tratores e plantadeiras no campo.
Para Ana Helena, uma das vice-presidentes da instituição, a perspectiva de consumo do setor do agronegócio deve melhorar, visto que desde 2013 o país tem queda na renovação da frota agrícola. Ela aposta no aumento da necessidade de novas máquinas com o consecutivo crescimento da produção no campo. “A agricultura está positiva e deve reverter estas quedas. As máquinas no Brasil rodam três vezes mais que nos países da Europa, pois temos três safras anuais e, por isso, ficam mais gastas. Se não voltar a investir em maquinário, isso refletirá na produtividade”, apontou a executiva. Ela destacou também que a manutenção de programas de custeio como Moderfrota e Pronamp deve ajudar no cenário de vendas internas de máquinas agrícolas. “No segundo semestre, o crédito refletirá a necessidade de maquinação”.
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O setor automotivo como um todo vive “a pior crise da história da indústria” exceto pelo agronegócio, que tem potencial para crescer em vendas e produção, segundo o vice-presidente da Anfavea, Luiz Carlos Gomes de Moraes. “O agronegócio é incapaz de compensar a de outros setores automotivos”.
O setor de máquinas agrícolas e rodoviárias está estagnado. Segundo dados da Anfavea, a indústria tem capacidade de produzir 109 mil máquinas por ano, mas segue parada, com previsão de produção de apenas 56,6 mil unidades. “O nível de capacidade ociosa é de 52%, e a situação é dramática”, declarou Moan.
Política
Questionado se o andamento da operação Lava Jato, o presidente da Anfavea respondeu que “só temos a perder” com a disputa política pelo poder.
“Do ponto de vista da justiça, o que estão fazendo é legal e deve ter continuidade. O que reclamo é desta disputa política. A economia brasileira está nessa situação porque estão misturando interesses políticos com econômicos, e isso dificulta a retomada de crescimento, contamina com pessimismo terrível os investidores e consumidores. Do ponto de vista econômico, esse psicológico corrói (o interesse de compra) junto com estas questões partidárias”, disse Moan.
Ele argumentou exemplificando com o setor de máquinas agrícolas que, mesmo com todo o cenário econômico real positivo, os agricultores estão deixando de comprar por receio de investir agora. “As safras são recordes, o PIB do agronegócio é o único que cresce no Brasil. Vejam esses balanços e me digam se isso justifica (esse cenário de queda nas vendas internas de máquinas agrícolas)”.
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