Nos carros autônomos, seremos passageiros

O governo dos EUA aceita a produção dos carros do Google sem freios nem acelerador ou retrovisor.

Quem utilizar os carros autônomos do Google num futuro próximo não será mais considerado o motorista, mas um simples passageiro. Essa foi a decisão tomada pelo governo americano em 9 de fevereiro. Isso é uma mudança importante no significado de um automóvel para as autoridades do país. Assim, se o software de controle do carro pode ser considerado o seu motorista, o veículo poderia sair da fábrica sem volante nem pedais de acelerador ou de freio.

Uma carta da Administração de Segurança de Tráfego das Estradas Nacionais endereçada ao programa de carros autônomos da empresa diz que o governo “concorda com o Google que seu veículo autônomo não terá um motorista no sentido tradicional e aceito nos mais de cem anos até aqui”. 

Explica também que, “se nenhum ocupante humano pode de fato dirigir o veículo, é mais razoável identificar o motorista como o que (e não quem) estiver de fato dirigindo”.

O Google enviara em novembro àquele departamento governamental um pedido de esclarecimentos sobre o que os regulamentos definiam como “motorista” e o que a lei exigiria caso o responsável por guiar o veículo não fosse um humano e sim uma inteligência artificial, permitindo eliminar componentes corriqueiros em automóveis, incluídos os espelhos retrovisores e o pisca-alerta.

Na Índia, o governo local decidiu na segunda-feira 8 proibir um aplicativo distribuído pelo Facebook, chamado Free Basics, por não respeitar a neutralidade da internet. O aplicativo oferecia acesso gratuito a uma série de sites, inclusive portais de notícias domésticos e o Wikipédia, sem débito para o usuário na sua franquia de dados. O acesso era oferecido pelo Facebook em parceria com as operadoras locais.

A Autoridade Reguladora de Telecomunicações da Índia decidiu que o aplicativo efetivamente prioriza certos conteúdos em detrimento de outros, o que é proibido. O serviço foi anunciado por Mark Zuckerberg em maio do ano passado, com o argumento de que a neutralidade não poderia impedir o acesso à internet. “Não é sustentável oferecer a internet inteira de graça. Nenhuma operadora conseguiria bancar isso”, disse o fundador do Facebook. 


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*Reportagem publicado originalmente na edição 888 de CartaCapital, com o título "O motorista sumiu"