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Em crise, o setor naval teve mais uma baixa no Estado do Rio de Janeiro. Na segunda-feira (14), o estaleiro Eisa, na Ilha do Governador, fechou as portas e demitiu 3 mil trabalhadores.
Alguns foram avisados por cartas enviadas no fim de semana. Mas a maioria dos funcionários foi pega de surpresa ao chegar pela manhã e se deparar com os portões do Eisa lacrados com tapumes.
Indignados, seguiram em manifestação pela via de acesso do aeroporto internacional Galeão, onde opera a companhia aérea Avianca, do mesmo grupo controlador do Eisa, o Synergy, do empresário German Efromovich.
Só neste ano, 20 mil pessoas já foram demitidas no setor naval brasileiro - 5 mil deixaram o grupo Synergy no segundo semestre.
Além dos demitidos na segunda no Eisa, o grupo já havia cortado 2 mil vagas no Estaleiro Mauá, em Niterói, que fechou as portas em julho.
No fim de novembro, em Angra dos Reis (RJ), foi a vez do Brasfels, do grupo de Cingapura Keppel Offshore & Marine, anunciar a extinção de 2 mil postos de trabalho.
Antes deles, o Sindicato Nacional da Indústria de Construção e Recuperação Naval Offshore (Sinaval) já contava 12 mil demissões em diversos Estados.
Vitrine dos governos petistas, o setor naval entrou em crise quando fornecedores da Petrobras passaram a ter problema com a Polícia Federal, que investiga casos de corrupção na Operação Lava Jato.
Com as denúncias, bancos e instituições de fomento reforçaram o controle para a liberação de financiamentos, dificultando o acesso ao capital. Além disso, o corte do orçamento da Petrobras atingiu também o caixa das fornecedoras.
Ao demitir, os estaleiros alegam que são obrigados a cortar custos ou mesmo fechar as portas, porque não estão sendo pagos pelos seus clientes, a maioria fornecedores da Petrobras. Entre os trabalhadores, o temor é reviver a crise dos anos 80, quando o setor foi praticamente extinto no Brasil.
Em carta enviada a trabalhadores, a direção do Eisa afirmou que "algumas situações complicaram a situação econômica da empresa, tais como: cancelamento de alguns contratos pelos armadores, inadimplência de clientes, e dificuldade de dinheiro pelos bancos públicos".
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No documento, a empresa disse que investiu no Eisa neste ano e se esforçou para manter o estaleiro aberto, mas não teve sucesso nas negociações com bancos e armadores.
Em julho de 2014, a operação chegou a ser interrompida e os funcionários foram colocados em férias coletivas, até que a empresa encontrasse uma solução financeira.
"Nós não podemos pagar a conta do petrolão", disse o técnico em mecânica Luiz Oliveira, demitido do Eisa, onde trabalhava havia 31 anos.
"O mercado já está fechado para os jovens, imagina para um cidadão de quase 60 anos como eu." Ele começou como estagiário, se formou no nível técnico como mecânico, e hoje é universitário no curso de História, bancado com o salário que recebeu até a segunda.
O Sindicato dos Metalúrgicos do Rio de Janeiro informou que cerca de 150 funcionários continuarão trabalhando temporariamente até que sejam entregues as duas últimas embarcações, do tipo porta-contêiner, para a empresa Log-In Logística Intermodal.
Nesta terça-feira (15), os sindicalistas esperam se reunir com o ministro do Trabalho e Previdência Social, Miguel Rosseto, e prometem promover uma série de manifestações até que Efromovich garanta as vagas de trabalho e o pagamento de salários e benefícios atrasados.
Na segunda, além dos manifestantes que dificultaram pela manhã o acesso ao aeroporto internacional Galeão, no Rio, outro grupo ocupou a rodovia Niterói-Manilha, trecho da BR-101 de entrada da cidade do Rio. A ideia é voltar a se manifestar na frente do aeroporto nesta terça.
No último dia 5, apenas os trabalhadores com ganhos até R$ 3 mil mensais receberam o salário do mês.
No Mauá, o grupo Synergy não pagou todos os direitos trabalhistas aos demitidos, segundo o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Niterói e Itaboraí, Edson Rocha. A reportagem não conseguiu contato o estaleiro.
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