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As primeiras projeções da Fenabrave apresentadas para 2016 apontam para o quarto ano consecutivo de queda do mercado nacional de veículos. Somando automóveis e comerciais leves, a associação que representa os concessionários revendedores dos fabricantes prevê nova retração de 5,2%, para 2,32 milhões de unidades vendidas, contra 2,4 milhões que a entidade calcula terão sido emplacados até o fim de 2015, o que já representa expressiva baixa de 25,5% sobre 2014.
“A falta de confiança do consumidor é gritante, chega a níveis assustadores, porque a todo momento temos notícia de alguém que perde o emprego. Temos desemprego crescendo, juros altos e inflação em alta. Existem recursos para crédito, mas os bancos continuam rigorosos na aprovação de financiamentos. Por tudo isso avaliamos que 2016 será mais um ano difícil”, justifica Alarico Assumpção Jr., presidente da Fenabrave. Ele acredita que a situação pode melhorar em caso de arrefecimento da crise política que contamina a economia. “Não é possível que até abril ou maio a questão política não seja resolvida para que o País possa voltar a crescer”, diz.
Até o fim da última quinzena, os números colhidos pela Fenabrave mostram um mês um pouco melhor. Nos dez primeiros dias úteis de novembro, foram emplacados 105,2 mil automóveis e comerciais leves, número 9% maior do que o verificado no mesmo período de outubro, mas na comparação com igual quinzena de 2014 a baixa é substancial, de 31,2%.
No acumulado de 2015 até a primeira metade de novembro, a soma é de quase 2,2 milhões de veículos leves emplacados, o que significa retração de 23,7% em relação ao mesmo intervalo de 2014. Esse ritmo aponta para a previsão da Fenabrave, que espera não mais do que outras 250 mil unidades vendidas nos dias que restam até o fim deste ano, consumando assim a queda projetada de 26,5% na comparação com o ano anterior.
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Mais crédito no horizonte
O dirigente estima que os primeiros meses do próximo ano serão mais difíceis, mas espera que a partir de abril ou maio o mercado possa começar a ensaiar alguma reação. Um dos fatores para justificar essa retomada são os números de aprovações de novos financiamentos, hoje de apenas três a cada dez propostas. “Isso demonstra que existe disposição do consumidor para comprar mais, caso fossem aprovados mais contratos”, pontua Assumpção.
Assumpção raciocina que até o meio de 2016 os bancos já terão volume suficiente de contratos regidos pela legislação aprovada há pouco mais de um ano, que prevê a retomada rápida de carros de inadimplentes, formando assim massa crítica para reduzir o rigor nas concessões e voltar a irrigar o mercado com crédito a partir do segundo semestre. “Com a redução do risco as instituições financeiras ficam mais dispostas a conceder empréstimos. Isso pode fazer o número de financiamentos aprovados crescer de 20% a 25%”, calcula. “O custo da retomada do bem era muito alto, chegava a R$ 12 mil, mas com as novas regras isso caiu à metade”, completa o presidente da Fenabrave.
Renovação de frota de leves
Outra esperança no horizonte é a aprovação de um programa de renovação de frota, inicialmente prevista só para caminhões e ônibus, mas que pode incluir veículos leves também. “Temos informações que o desenho desse programa já está em fase final de aprovação no governo e tem boas chances de começar em 2016, já incluindo automóveis e comerciais leves. Pode iniciar como um projeto piloto, mas tem potencial para aumentar os negócios em 200 mil a 250 mil carros por ano, o que é praticamente um mês a mais de vendas dentro do patamar atual do mercado”, avalia Assumpção.
O programa de renovação de frota vem sendo negociado com o governo há mais de dois anos por uma coalisão de entidades como a Anfavea, que agrega os fabricantes de veículos, sindicatos de metalúrgicos e até siderúrgicas interessadas em montar linhas de reciclagem dos materiais tirados dos veículos que serão destruídos.
Encolhimento do setor
O tombo da economia em 2015 causou sérios estrados ao setor de distribuição reunido na Fenabrave. “Em volumes de vendas nós regredimos 10 anos e em resultados 20 anos”, lamenta Assumpção.
Segundo ele relata, o ano começou com 8 mil concessionárias ativas no País e no fim de outubro existiam 7,6 mil. Em dez meses foram fechadas 835 lojas. O encolhimento da rede autorizada de revendas só não foi pior porque houve crescimento de algumas marcas como Jeep, Audi e BMW, 435 novos pontos foram abertos, o que resultou em um saldo negativo de 400 concessionárias a menos no cenário nacional. Com isso, Assumpção diz que o setor fechou este ano até outubro 26 mil vagas de trabalho. “Esses números tendem a piorar, porque novos fechamentos devem ocorrer até abril ou maio de 2016”, relata.
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