Land Rover produzirá Evoque no Brasil

A Jaguar Land Rover anuncia que o Range Rover Evoque será o modelo que vai inaugurar a fábrica que está em fase final de construção em Itatiaia (RJ) que chegará primeiro que o Discovery Sport, já confirmado como produto nacional conforme havia anunciado no ano passado, na ocasião da cerimônia que marcou o início das obras. “Será montado na sequência [Discovery Sport] pela diferença de semanas após o início da montagem do Evoque”, revela o diretor de marketing e produto da Jaguar Land Rover, Gabriel Patini, ao primeiro grupo de jornalistas que visitou as instalações na quinta-feira (1º).

A pequena mudança na estratégia, segundo Patini, se deve em parte pelo sucesso do Evoque no mercado brasileiro, é o modelo mais vendido da marca no País, com mais de 20 mil unidades entregues desde seu lançamento. A chegada dele antes do Discovery também se deve pelo avanço do treinamento dos funcionários da fábrica para este produto. Os dois modelos a serem montados na planta fluminense compartilham da mesma plataforma, mas não são 100% iguais: suspensão, motor e câmbio são diferenciais entre os dois.

Tanto Range Rover Evoque quanto o Discovery Sport nacionais chegam à rede ainda no primeiro semestre de 2016, estima Patini. Atualmente, com 42 revendas, o plano de expansão da marca prevê a abertura de mais quatro concessionárias até o fim da primeira metade do ano que vem. “Estamos unificando todas as revendas da rede para atenderem ambas as marcas, incluindo a única loja exclusiva da Jaguar, que fica em São Paulo, e que em breve também passará a ser Jaguar Land Rover”, explica. O plano também prevê para as novas lojas a adoção do padrão global de concessionárias das marcas. “Já inauguramos a primeira no Brasil com este padrão global e até o fim de 2017 todas estarão adequadas a este novo modelo.”

Processo fabril


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Itatiaia abriga o primeiro empreendimento industrial 100% controlado pela empresa fora do Reino Unido. Em outubro do ano passado inaugurou uma planta em sociedade com a Chery e na Índia há alguns anos mantem uma pequena linha de montagem controlada pela Tata, dona da fabricante inglesa. Com um investimento de R$ 750 milhões previstos até 2020, a expectativa é de que a fábrica comece a operar no primeiro trimestre de 2016.

“Estamos em dia com a obra, que está 90% concluída. Estamos agora na fase de instalação de máquinas e equipamentos, com 30% a 35% do previsto. A obra estará completa até o fim deste ano, quando daremos início a produção pré-série”, conta Neale C. Jauncey, diretor de manufatura e responsável pela fábrica da JLR brasileira.

A construção do prédio que abrigará a linha de produção começou em outubro de 2014, embora parte do projeto tenha sofrido atraso de quase cinco meses devido ao período de chuvas na região serrana do sul-fluminense. Cerca de 1 mil pessoas transitam diariamente no terreno de 60 mil metros quadrados. “Até agora, mais de 1,2 milhão de horas trabalhadas sem nenhum registro de acidente”, conta Jauncey.

O responsável pela planta mostra parte da estrutura interna do galpão que já está pronta, revelando o formato de linha suspensa, que transportará o veículo em grande parte do processo. Sua descrição do processo revela ainda que nesta primeira fase de produção, a carroceria já virá pintada da Inglaterra e chegará na linha de montagem junto com portas laterais e traseira, mas que logo serão removidas para montagem de seus componentes. De volta ao transporte suspenso, portas voltam a se encontrar com a carroceria para montagem final, o que inclui a introdução do motor, câmbio e transmissão no veículo, que será feito pela Benteler na própria linha. O motor também virá da Inglaterra, mas desmontado, cujas partes serão montadas aqui. O executivo revela que ambos os modelos terão versões a gasolina e a diesel, embora admita que motores flex são considerados para o futuro.

“Isto já nos garante o mínimo de conteúdo local exigido pelo Inovar-Auto para empreendimentos de nosso porte, conteúdo que começa menor, mas avançará gradativamente ao longo dos anos. Até 2020, já teremos nossa própria funilaria e pintura.” 

Em um segundo galpão, ligado ao primeiro que abriga a linha de montagem, inúmeras prateleiras já devidamente enfileiradas serão destinadas ao estoque de peças e materiais. “Teremos aqui componentes suficientes para o abastecimento da linha por dez dias, considerando que trabalharemos em regime just in time: as peças entrarão no galpão por meio de docas (portas) e virão direto do fornecedor para o consumo da fábrica”, explica Jouncey. 

Vinte e cinco por cento do total de funcionários previstos para a produção já foram contratados. As 90 pessoas já passam por treinamento no TDC (Training Development Center), nas dependências da fábrica. O local é liderado por supervisores denominados coaching, treinados por quatro meses na Inglaterra e cuja missão é disseminar o conhecimento para os demais empregados. A equipe está na fase de criação dos métodos de montagem: por meio da desmontagem completa e detalhada de um modelo fabricado no Reino Unido, eles checam item por item inclusos no veículo para depois reconstruir o carro com instruções que eles mesmos descreverão em português e que serão utilizadas ao longo da linha de produção. 

“Em parceria com o Senai, esses trabalhadores também passaram por treinamento de segurança, manufatura enxuta, resolução de problemas entre outras disciplinas”, diz o diretor de manufatura. 

A próxima fase do treinamento será o aprendizado sobre como operar as ferramentas de trabalho a partir da simulação em programas de realidade virtual nos quais serão analisados todos os procedimentos que farão parte da rotina na produção real.

A empresa também iniciou a segunda turma do programa de treinamento denominado Inspirando os Trabalhadores do Amanhã. Do total de alunos que terminou o primeiro curso, cerca de 60% já estão empregados na unidade de Itatiaia. Em 2016 está programada a abertura do primeiro Education Business Partnership Centre, um centro educativo que oferecerá diversas atividades em classe para ajudar crianças em fase escolar a desenvolverem habilidades, colocá-las em contato com um ambiente de trabalho real e inspirá-las a seguir carreira na Jaguar Land Rover no futuro.

“Primeiro vamos certificar esta como uma fábrica capaz de entregar produtos de qualidade, para então começar a pensar sobre os produtos Jaguar para produção local.”