Fonte: Folha Online - 09/07/07
Foto: Divulgação
A construtora Boeing apresentou neste domingo em sua sede em Everett seu novo 787 Dreamliner, descrito como um avião inovador, econômico e amigo do ambiente, com o qual a empresa espera revolucionar o tráfego aéreo.
A Boeing expõe o primeiro exemplar de duas turbinas para 300 jornalistas americanos e estrangeiros que foram convidados para cobrirem o evento.
As vantagens do avião já convenceram 46 clientes a comprarem mais de 640 exemplares, pedidos antes mesmo de sua estréia mundial. A aeronave será utilizada para médias e longas distâncias e terá capacidade para entre 210 e 330 passageiros.
Um dos 787, primeiro projeto da Boeing em 13 anos, vai começar a voar dentro de três meses. A companhia japonesa ANA, que fez um pedido em 2004, prevê que seu Dreamliner entre em serviço em 2008. A Boeing fixou como meta colocar no mercado cerca de 2.000 exemplares até o ano de 2023.
Um de seus pontos revolucionários é que ele reduz em 50% a necessidade de alumínio, material até agora onipresente na fabricação de aviões. Desta forma, a metade de sua construção foi substituída por materiais como fibra de carbono.
Duas vezes mais sólidos e leves que o alumínio e com maior resistência ao fogo, estes novos materiais para a indústria são as resinas de fibra de carbono, que pela primeira vez são utilizadas para fabricar a fuselagem de um avião.
"Não sei de nenhum inconveniente" dos materiais compostos, afirmou JEff Hawk, encarregado dos temas ambientais.
Segundo a Boeing, os componentes são mais resistentes e duráveis, além de permitirem uma redução de peso que repercute no consumo do combustível.
Num momento em que o preço do petróleo disparou, argumentos como estes marcarão a diferença no setor, que nos últimos anos registraram lucros pequenos, afirmou o especialista Richard Aboulafia.
"Não podemos ter certeza do rendimento" que promete a Boeing, "mas caso se concretize, será revolucionário, em termos de poupança (em consumo de combustível) e longevidade" do avião, destacou Aboulafia.
Entre as outras inovações do 787 estão um sistema de comando --que já não será hidráulico, e sim elétrico--, mais comodidade na cabine, janelas maiores e uma pressurização mais confortável do que as atuais.
Outra das economias que o novo modelo promete diz respeito à conservação da aeronave porque "os componentes não se degradam, não haverá problemas de manutenção" como os que se tem atualmente com o alumínio, garantiu Tom Cogan, o principal chefe engenheiro do projeto 787.
O 787, que começará sua corrida comercial meses depois do A380, o gigante avião da Airbus, prepara uma estratégia oposta a de seu concorrente para reduzir custos.
O A380, que em algumas versões suporta mais de 800 passageiros, busca interligar aeroportos grandes. Já os Boeings têm capacidade de 210 a 330 passageiros e serão destinados a ligar cidades medianas.