Fenabrave reprojeta queda das vendas em 23,8% para 2015

Em maio, na sua primeira revisão, a federação havia projetado queda de 19% das vendas para o ano.

Após computar queda de 20,6% das vendas de veículos no primeiro semestre com relação a igual período do ano passado, a Fenabrave revisa pela segunda vez suas projeções para o mercado em 2015, acentuando o cenário de retração em todos os segmentos. A expectativa da entidade que reúne o setor de distribuição é de que o ano termine com 2,66 milhões de veículos novos, volume 23,8% menor que o registrado em 2014, quando foram emplacados 3,49 milhões de unidades, entre automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus. 

Segundo Alarico Assumpção Jr., presidente da Fenabrave, a queda dos índices da nova projeção é em função da conjuntura econômica mais fraca aliada às incertezas do cenário político, que influenciaram diretamente os negócios na primeira metade do ano. Ele cita a alta da inflação, a elevação da taxa básica de juros (Selic), o desemprego em alta, a queda da massa salarial, além da retração do PIB.

“Entre todos os fatores negativos, a maior preocupação é a falta de confiança do consumidor, que aprofunda o pessimismo do mercado”, afirma o executivo durante a apresentação dos resultados do setor em encontro com a imprensa realizado na quinta-feira, 2, em São Paulo.

No mesmo tom, Tereza Maria Dias, diretora da MB Associados, cita outros fatores que pesaram na formação do pacote negativo de influências sobre o mercado de veículos: “Temos um cenário nada alentador, de crédito ainda escasso, com aumento do desemprego e da inadimplência, principalmente de PJ, o que faz com que os investimentos não sejam retomados no curto prazo”. Entretanto, a consultora alivia o discurso quando argumenta sobre o desempenho esperado para a segunda metade do ano: 

“A boa notícia é que, a princípio, não deve acontecer quedas importantes no segundo semestre. Chegamos sim ao fundo do poço em junho; haverá queda sim por efeito estatístico, porque no segundo semestre do ano passado houve alguma antecipação de compra. Mas em números absolutos, teremos um volume de emplacamentos próximo ou pouco acima do que houve no primeiro [semestre], mantidas as operações atuais [econômicas e políticas de ajuste fiscal].” 


Continua depois da publicidade


Segundo a Fenabrave, o resultado de vendas mais fracas resulta em 49 dias de estoque em junho, o mesmo registrado em maio, considerando os 323 mil veículos estocados nas fábricas e nas concessionárias. Segundo Assumpção, a estimativa é que entre 30 e 60 dias este volume possa cair. 

Ele informa ainda que o setor de distribuição, incluindo todas as concessionárias, já demitiram 12 mil pessoas no primeiro semestre “Podemos chegar ao fim do ano com 20 mil empregos a menos. Hoje empregamos cerca de 410 mil pessoas nas 7,9 mil concessionárias espalhadas no País”. 

Resultados e projeções por segmento

O total de 1,31 milhão de veículos vendidos nos seis meses completos deste ano representou o pior primeiro semestre desde 2007, segundo a Fenabrave. No mesmo período do ano passado, os emplacamentos somaram 1,66 milhão de unidades, considerando automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus.

O segmento de pesados exerceu a maior influência negativa ao apresentar o pior resultado no comparativo anual. Os licenciamentos de caminhões e ônibus ficaram 38,7% abaixo do registrado há um ano, passando de 80,2 mil para 49,1 mil unidades. Os emplacamentos de caminhões recuaram 42,1%, de 64,5 mil para 37,3 mil unidades, enquanto as vendas de ônibus foram 25,1%, passando de 15,6 mil para 11,7 mil chassis. “Com a atividade econômica estagnada, não há carga, não há o que transportar”, argumenta Assumpção. 

A Fenabrave, que esperava emplacar pouco mais de 80 mil caminhões na projeção anterior, agora espera encerrar o ano com 75,3 mil, nova queda de 45% sobre as vendas totais do setor em 2014. Para ônibus, espera-se retração de 24% sobre o ano passado, para 24,3 mil chassis contra as 25,3 mil unidades da projeção anterior. 

No segmento leve, houve retração de 19,7% no acumulado entre janeiro e junho, para 1,26 milhão de automóveis e comerciais leves. As vendas de automóveis foram 19% menores que as do primeiro semestre do ano passado, ao totalizar 1,07 milhão de unidades, enquanto que comerciais leves registraram queda maior, de 23,6%, para 193,8 mil unidades. 

“Em termos de volume, estamos perdendo o equivalente a um México em vendas de leves”, afirma Assumpção. 

Como resultado do fraco desempenho, a entidade espera emplacar 2,56 milhões de veículos leves este ano, retração de 23% sobre 2014, sendo 2,12 milhões de automóveis (-23,85) e 435,7 mil comerciais leves (-18,3%).