Fonte: Energéticas - 06/07/07
Valor leva em consideração a construção de oito centrais nucleares até 2030; com quatro usinas, o custo seria de R$ 31 bilhões
O programa nuclear do governo até 2030, deflagrado nesta semana com o aval do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) para a conclusão de Angra 3, deve representar investimentos entre US$ 15,5 bilhões e US$ 27,5 bilhões (R$ 31 bilhões a R$ 55 bilhões, pelo câmbio atual). Os cálculos levam em consideração o cenário mais conservador, de Angra mais quatro usinas de 1 mil megawatts (MW) cada; e o mais agressivo, com o complemento de oito usinas. A versão usada atualmente como referência do programa pela Empresa de Planejamento Energético (EPE) é a mais conservadora.
Ainda neste semestre o governo inicia a pesquisa para a escolha da região no Nordeste que abrigará uma central nuclear. Depois, um novo complexo surgirá no Sudeste, provavelmente em São Paulo. Cada um dos dois pólos abrigará entre duas e quatro usinas, cada uma com potência de 1 mil megawatts. De acordo com as estimativas preliminares da Eletronuclear, cada unidade custará cerca de US$ 3 bilhões, considerando a referência internacional de custo, de cerca de US$ 3 mil dólares por quilowatt instalado.
Para garantir a viabilidade econômica de Angra 3, o governo já avalia uma redução, quase à metade, da taxa de retorno financeiro do projeto, calculada inicialmente entre 12% e 15%, que pode passar para algo em torno de 7% ou 8%. O objetivo é compensar o possível aumento no custo de US$ 7,2 bilhões estimado para obra. Todos os contratos firmados há mais de 20 anos passarão pelo crivo de auditorias independentes para revisão de valores e reconhecimento ou não de sua validade.
Para evitar atrasos nas obras, que serão iniciadas tão logo a licença ambiental seja concedida, a Eletronuclear pretende pedir à sua controladora, a Eletrobrás, um empréstimo-ponte de R$ 200 milhões, que garantirá a construção civil até a conclusão da auditoria em, no máximo, um ano. Com isso, o governo espera manter inalterado o cronograma para início do funcionamento da nova usina, previsto para 2013. Também haverá uma revisão nas tarifas que serão cobradas em Angra 3, inicialmente previstas em R$ 138,14 o MW/hora.
"A tarifa que será calculada para Angra 3 nunca será efetivamente cobrada, pois terá de haver um mix com Angra 1 e 2. Em Itaipu, por exemplo, não há uma tarifa para cada turbina, mas para a empresa toda. Estamos, na verdade, calculando que tarifa a Eletronuclear vai ter, como qualquer outra geradora. Esse mix vai ficar seguramente abaixo de R$ 140 e, provavelmente, abaixo de R$ 135.
O governo pretende, ainda, instituir para o programa nuclear um índice de nacionalização na produção de bens e serviços semelhante ao que está em curso na indústria de petróleo. Os estudos da Eletronuclear indicam um porcentual de 71% a 72% de investimento nacional. "Vamos incentivar as empresas, mesmo as estrangeiras, a montar aqui a sua base de fabricação. Será difícil fornecer os equipamentos se eles não forem produzidos aqui", afirma o presidente da estatal.