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A Enseada Indústria Naval (EIN), operadora do estaleiro Enseada Paraguaçu, em Maragojipe (Bahia), vai receber R$ 125 milhões do Banco do Brasil. O valor é parte dos R$ 600 milhões que já deviam ser repassados pelo Fundo da Marinha Mercante (FMM) ao empreendimento.
A Enseada vem enfrentando dificuldades financeiras desde que a Sete Brasil, empresa criada pela Petrobras em parceria com a iniciativa privada e principal cliente da EIN, deixou de realizar os pagamentos, em 26 de novembro de 2014. A dívida acumulada é de R$ 612 milhões.
O Consórcio Enseada Paraguaçu (CEP), que terminaria a sua participação no empreendimento com a conclusão da obra civil, vai encerrar suas atividades neste sábado (28), deixando 82% do projeto pronto.
A EIN continuará a obra, mas em um ritmo mais lento, o que deve postergar a sua conclusão, inicialmente programada para o final deste ano, para o fim de 2016.
"A gente tem que separar o joio do trigo e dar andamento às encomendas. Temos parceiros. Os japoneses vieram para o Brasil, estão transferindo tecnologia para nós. Então vamos andar com isso", disse o presidente da EIN, Fernando Barbosa.
O estaleiro, que já teve sete mil empregados no pico da sua construção, hoje conta com cerca de 600 funcionários. Barbosa diz que mudanças no quadro de pessoal dependerão da celeridade com que os problemas que atingem o estaleiro forem resolvidos.
"Dependendo das soluções, se a gente conseguir resolver rápido, vamos até aumentar (número de funcionários). Agora, se não resolver, vamos ter que diminuir", afirma. "Isso já está demorando muito. Estamos, vários estados, nessa situação. Há uma cadeia grande envolvida. É uma crise sistêmica", acrescentou Fernando Barbosa.
Governos
Na quinta-feira (26), durante a visita do ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Armando Monteiro, ao Senai Cimatec, instituição do Sistema Fieb, as crises nos estaleiros, instaladas a partir da Operação Lava Jato, que investiga irregularidades na Petrobras, foram mencionadas tanto pelo ministro quanto pelo governador do estado, Rui Costa, e o secretário estadual da Indústria e Comércio, James Correia.
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Monteiro afirmou que o assunto está sendo acompanhado com preocupação pelo governo federal. "Temos atuado, junto ao BNDES, para que se possa garantir a situação das encomendas em andamento, que são as sondas, uma parte expressiva delas. É uma operação complexa, mas que está em curso. E algum tipo de assistência financeira a essas unidades, que pode ser prestada, que vem sendo discutida aí, com a participação do Banco do Brasil", disse o ministro.
Monteiro e os representantes do governo estadual elogiaram a iniciativa dos governos Lula e Dilma em, a partir do pré-sal, investir na indústria naval do país. Costa e Correia ressaltaram que as investigações na multinacional não podem afetar a geração de negócios e empregos no Estado.
O governador comparou as denúncias de irregularidades na Petrobras com os casos de outras empresas também atingidas por denúncias. "Acho que, assim como ninguém prega a interrupção das obras no metrô de São Paulo porque houve denúncias e comprovações - e ainda continua a investigação dos atos ilegais cometidos -, também defendemos que as investigações (na Petrobras) não paralisem os projetos. Os trabalhadores e a economia do estado serão os prejudicados", afirmou.
James Correia destacou o potencial de geração de empregos diretos e indiretos, na região, do estaleiro e ressaltou que a crise antecipou a demissão de funcionários que já seriam dispensados ao final da obra civil.
"Quem sabe a Fiol (Ferrovia de Integração Oeste-Leste) não absorve parte dessa mão de obra? Mas a solução definitiva é restabelecer o pagamento ao estaleiro. Ao aumentar a operação, pode ser que absorva parte da mão de obra da construção civil", diz o secretário.
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