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Ao comemorar 70 anos de operações, a Autotravi, divisão responsável pela fabricação de autopeças de borracha e plástico do Grupo GRX Mundi, anuncia uma nova fase de transição: com investimento aproximado de R$ 10 milhões a empresa sediada em Caxias do Sul (RS) revigora suas atividades com a modernização total de sua unidade fabril. O foco é modernizar todo o maquinário da linha de produção, além de promover a mudança física da unidade para um novo prédio, no mesmo bairro Rio Branco.
“Nossa filosofia como empresa é sustentada pelo desenvolvimento com foco no aumento da produtividade, com tecnologia e capacidade industrial”, enfatiza Sérgio Grillo, presidente do conselho de administração do Grupo GRX, homenageado durante a cerimônia em comemoração ao aniversário da Autotravi realizada na segunda-feira (2), na sede da CIC - Câmara de Indústria, Comércio e Serviços de Caxias do Sul. O evento reuniu os principais representantes do polo industrial caxiense, grande parte empresas do setor automotivo e clientes da Autotravi, como das demais empresas do grupo, a MetalMatrix, divisão fabricante de abraçadeiras de metais, e a Macrosul, distribuidora de peças de fixação.
A mudança de prédio que abrigará a fábrica faz parte do planejamento de reestruturação do grupo, iniciado em 2010, conta Cristiano Grillo, que herdou do pai o cargo de CEO da Autotravi em 2012: “Começamos com a questão de nos tornar acionistas majoritários do grupo, só assim poderíamos repensar a função de cada empresa e readequar o modelo de negócio, com enfoque na transformação para uma companhia longeva”, conta.
O executivo reforça que a modernização trará melhorias significativas na operação e que todo o projeto de transferência da fábrica é baseado no conceito lean manufacturing (produção enxuta): “Os equipamentos novos garantirão, por exemplo, o dobro de capacidade de uma das etapas do processo de fabricação, que é a mistura de matéria-prima para a produção de borracha. Totalmente automatizado, nos entregará um produto mais homogêneo e tornará esta uma planta muito mais econômica”.
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Grillo revela que parte do maquinário foi comprada de empresas do próprio Rio Grande do Sul e outra importada dos Estados Unidos e Alemanha. “Infelizmente, não dá para inovar só com a tecnologia local.” Sobre o investimento, parte do aporte é próprio e parte é subsidiada com apoio do Banrisul e do BNDES.
Os 250 postos de trabalho serão mantidos, porém o CEO afirma que alguns trabalhadores serão remanejados devido ao aumento da automação da linha de produção. A unidade, que está se mudando para um novo galpão de 10 mil metros quadrados, localizada em um terreno de 20 mil metros quadrados, terá estrutura para suportar até três turnos de trabalho – no prédio anterior, apenas dois turnos eram possíveis.
Por enquanto, estão instaladas no novo local as áreas de logística – responsável pela distribuição das autopeças – e o departamento de vendas e marketing. “Nos próximos dias iniciaremos a montagem das novas máquinas para a linha de produção”, informa Cristiano.
Desafios ontem e hoje
O CEO da Autotravi lembrou em seu discurso dos inúmeros desafios que a empresa enfrentou ao longo de seus 70 anos, desde o tempo em que seu avô, Angelo Grillo, fundou a companhia: “Trabalhamos em diversos ramos da indústria, o que precisava, fabricávamos. Começamos no setor alimentício, passando por itens de uso doméstico até chegar aos atuais perfis de borracha e plástico para as indústrias automotiva, naval e agora, construção civil”.
Para ele, inovar e diversificar os negócios sempre foram estratégias eficazes para manter a saúde da marca, que no setor automotivo atende os segmentos de veículos leves, ônibus, máquinas agrícolas e implementos.
Em cenários semelhantes ao atual, com o mercado doméstico em retração, a solução veio da expansão para outros segmentos. Fornecedora das principais fabricantes da região como Agrale, Marcopolo, John Deere e Randon, entre outras, a Autotravi atravessou as fronteiras de Caxias do Sul ganhando recentemente a conta de fornecimento para a linha de caminhões extrapesados da Iveco, para quem trabalha pela primeira vez.
“Estamos com um forte trabalho buscando outros clientes Brasil afora, focados nas montadoras de caminhões, para o segmento pesado. Em leves, atuamos apenas no aftermarket”, diz Cristiano.
O mercado de reposição é carro chefe da empresa quando o assunto é exportação, atividade que representa cerca de 20% do faturamento, a partir de negócios em países da América Latina, Estados Unidos, mercados na Europa e mais recentemente, Índia e China.
“No ano passado, após visitarmos por três anos a Automechanica de Dubai, iniciamos nosso fornecimento para clientes no Oriente Médio. Neste ano estamos evoluindo com os negócios na África do Sul e região, também por meio da participação em feira de negócios”, acrescenta Sérgio Grillo.
Entre outros projetos, está a retomada para o mercado argentino, a partir da venda de produtos para uma empresa gaúcha que distribui no país vizinho.
Inovação
A reestruturação da empresa também trará novo fôlego para a área de desenvolvimento de produtos a partir de um novo tipo de borracha à base de etanol: inédita no mercado e patenteada pela Autotravi, a borracha foi criada em parceria com a alemã Lanxess.
“O Eco EPDM reduz de forma substancial a nossa ‘pegada de carbono’, uma vez que a chamada polimerização é feita com o etanol, de origem autossustentável, diferente da borracha comum”, explica Cristiano.
O executivo diz que está em fase de apresentação do novo produto para seus clientes atuais, mas revela a dificuldade de aceitação do novo componente ecológico por parte da indústria: “O mercado ainda não está preparado; o que é um processo natural, considerando que as empresas trabalharam a vida inteira com borracha a base de petróleo. Mas este é um investimento pensado para o futuro.”
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