TRW demite pelo menos 582 em Limeira

Empresa culpa economia; sindicato especula que motivo é a transição.

Demissões vêm acontecendo desde o ano passado na unidade da TRW em Limeira e funcionários temem que seja resultado da transição da empresa para um grupo alemão - a ZF Friedrichshafen. A diretoria da TRW nega que este seja o motivo e culpa a crise econômica no Brasil pelos cortes. O Sindicato dos Metalúrgicos de Limeira e região, porém, não acredita que as demissões estejam relacionadas à baixa produção, mas, sim, às readequações exigidas pela nova direção.

Desde o início dos cortes na empresa, pelo menos 582 pessoas teriam sido dispensadas, já que suas demissões foram homologadas pelo sindicato que representa a categoria. Segundo um funcionário da TRW, os cortes começaram em julho do ano passado e afetaram diversos setores da fábrica. Outras remessas de demissões aconteceram ao longo do segundo semestre e hoje os trabalhadores permanecem em alerta, com medo de novas dispensas. Os cortes teriam afetado desde a produção até setores de qualidade, engenharia e administrativo.

A TRW diz ter como política não revelar o total de funcionários ou de demissões. Por isso, não divulgou a informação. Já no Sindicato dos Metalúrgicos, foram realizadas as homologações de 558 trabalhadores em 2014 e 24 em 2015. Mas o número total tende a ser maior. O sindicato diz não ter acesso ao quadro completo, já que as homologações passam pelo sindicato somente quando são trabalhadores com mais de um ano de carteira assinada. "Por isso, muitas acabamos nem sabendo, pois os trabalhadores com menos tempo é que geralmente são cortados", avalia o diretor do Sindicato dos Metalúrgicos, José Carlos Pinto de Oliveira.

O diretor relata que a entidade tem acompanhado os casos à medida do possível, por meio de dois dirigentes sindicais que trabalham dentro da empresa. Há interferência somente quando há irregularidades na demissão - como pessoas com doenças laborais ou que tenham sofrido acidente de trabalho e têm estabilidade garantida. "Neste caso, negociamos a reintegração ou entramos na Justiça", diz.


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Segundo ele, as informações que o sindicato dispõe são apenas "especulativas", já que nenhum dado oficial teria sido passado à direção da entidade. "Acreditamos que tem a ver com a transição, de acordo com exigências deste novo grupo. É normal que, em negociação, a empresa exija uma empresa enxuta", sugere. A TRW, por meio de sua diretora de Recursos Humanos, Ana Carolina Gonçalves Coutinho, rebate a informação. "Os cortes estão relacionados às baixas vendas no setor. Tentamos segurar o máximo possível, mantendo funcionários em férias ou em treinamentos. Inclusive, a redução de empregos foi menor que a necessária, se comparada à queda na produção", afirma.

Transição

O acordo para adquirir a TRW foi anunciado oficialmente pela ZF em setembro passado. A concretização da fusão depende ainda de aprovações nos países onde há unidades de ambas multinacionais, o que deve acontecer ainda neste primeiro semestre. Com a compra, a intenção é se tornar a terceira maior no setor, com faturamento global acima dos 30 bilhões de euros, conforme divulgado pela ZF, na época.

Entre os empregados da TRW permanece um sentimento de apreensão quanto a possíveis novas demissões. Ana Carolina não descarta a possibilidade, mas "não pela transição, e sim pela economia do País". O diretor dos Metalúrgicos não acredita que as demissões possam estar atreladas à situação econômica atual do País, apesar de várias empresas da região estarem dando férias coletivas a seus empregados, devido à baixa produção.

Outro medo é da possibilidade de mudança de cidade. "A ZF está sediada em Sorocaba e fica o medo de mudarem tudo para lá", comenta um empregado da empresa. "Vivemos com indefinição dupla: tanto pelo momento econômico como pela transição", diz. Ana Carolina também nega a hipótese. "A venda da TRW para a ZF não é motivo para reduzir custos, mas para complementar a linha de produtos e aumentar ainda mais as vendas", explica. "A TRW será a quinta unidade do grupo, não tem por que haver mudanças", alega.


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