Produção brasileira de aço bruto sobe em novembro, mas segue em queda no ano

A indústria siderúrgica do Brasil seguiu apurando performance fraca em novembro, com um baixo crescimento de produção sobre um ano antes guiado por aumento de exportações de produtos semi-acabados, de valor agregado menor que produtos laminados.

Segundo dados do Instituto Aço Brasil (IABr), a produção brasileira de aço bruto cresceu 2,4 por cento em novembro sobre um ano antes e caiu 9 por cento na comparação com outubro, a 2,772 milhões de toneladas.

Com o desempenho do mês, o setor acumulou produção desde janeiro de 31,38 milhões de toneladas este ano, queda de 0,4 por cento sobre o mesmo período de 2013. No final de novembro, a entidade havia previsto que a produção de aço do Brasil em 2014 teria queda de 0,1 por cento, a 34,2 milhões de toneladas.

Os dados do IABr foram divulgados no mesmo dia em que um dos principais clientes das siderúrgicas nacionais, os distribuidores de aços planos, divulgou queda de cerca de 10 por cento nas vendas em volume em novembro sobre outubro e expectativa de recuo de 20 por cento nas vendas de dezembro.

Além da queda nas vendas, segundo o Sindisider/Inda, que representa os distribuidores, o setor deve terminar 2014 com estoque suficiente para 3,9 meses de vendas, maior nível dos últimos quatro anos.

Segundo os dados do IABr, apenas a produção de produtos semi-acabados teve crescimento em novembro sobre um ano antes, de 40 por cento, para 627 mil toneladas. O movimento ocorreu ainda como consequência do religamento em meados do ano de alto-forno da ArcelorMittal no Espírito Santo, em projeto do maior grupo siderúrgico do mundo para abastecer usinas de laminação nos Estados Unidos.

Os produtos laminados sofreram queda de 8,5 por cento, com recuos em planos, 6,4 por cento, e longos, 11,2 por cento.

"A produção de caminhões, por exemplo, caiu muito no ano e nada leva a crer que em dezembro não vai ser de produção baixa, com isso o número de consumo de aço em dezembro pode piorar", afirmou o presidente do Sindisider/Inda, Carlos Loureiro, a jornalistas, se referindo à fraqueza da atividade industrial brasileira.


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O consumo aparente de aço em novembro, segundo o IABr, foi de 1,9 milhão de toneladas, uma queda de 11,2 por cento sobre o mesmo período do ano passado. No acumulado, o consumo aparente, que representa vendas internas de aço mais importações, tem queda de 6,6 por cento.

Apesar do resultado, as ações de siderúrgicas eram as principais altas do Ibovespa às 14h47 (horário de Brasília), com Usiminas, CSN e Gerdau avançando mais de 7 por cento cada. O dólar subia para acima do patamar de 2,7 reais o que melhora as perspectivas sobre escoamento da produção nacional para o exterior.

Porém, de acordo com Loureiro, mesmo que o dólar atinja o patamar dos 3 reais, "não tem espaço para aumento dos preços" de aço no mercado interno diante do estoque elevado de material e da queda dos preços internacionais da liga.

No início do mês, o presidente da associação de montadoras de veículos, Anfavea, Luiz Moan, afirmou que fornecedores de autopeças estavam recebendo comunicações de siderúrgicas sobre reajustes de preços de aço. Porém, Loureiro atribuiu o movimento a possíveis negociações regulares anuais de preços entre alguns grandes fabricantes de autopeças e siderúrgicas.

A expectativa do Sindisider/Inda para as vendas do setor de distribuição de aço, responsável por cerca de 30 por cento das vendas das siderúrgicas nacionais, é de crescimento de 2 por cento em 2015, para 4,360 milhões de toneladas. Porém, o desempenho previsto não vai superar a queda de 6 por cento esperada para 2014.