MAN propõe programa de demissão voluntária

Como alternativa a cortes de mão de obra em massa, a MAN, fabricante dos veículos comerciais da marca Volkswagen, está negociando acordo trabalhista que prevê a abertura de um programa de demissões voluntárias, junto com o não pagamento de participação nos resultados e congelamento de salários na fábrica de Resende, no sul do Rio de Janeiro. As propostas foram apresentadas na última quarta-feira (3) aos funcionários da empresa.

De acordo com o sindicato dos metalúrgicos da região, as medidas foram propostas depois de negociações com a fabricante em busca de alternativas à crise da indústria de veículos, tendo como principal objetivo a preservação de empregos.

Segundo boletim distribuído pela entidade, a MAN pretende promover redução de salários proporcional à diminuição na jornada de trabalho, além de um plano de demissões voluntárias - com R$ 5 mil de indenização adicional aos direitos legais, sem plano de saúde, ou R$ 4 mil de indenização adicional, com plano médico por cinco meses. A proposta prevê ainda o não pagamento da participação nos lucros e resultado, bem como reajuste salarial zero no ano que vem. A falta de aumento seria compensada em parte pelo pagamento de R$ 2 mil de abono salarial em maio.

O presidente da montadora, Roberto Cortes, disse que a negociação para a flexibilização dos contratos é necessária para conseguir manter empregos e, ao mesmo tempo, garantir a execução do plano de investimentos de R$ 1 bilhão entre 2012 e 2016.

A empresa já tem cem funcionários afastados desde agosto da fábrica em regime de "layoff". Esse grupo têm retorno ao trabalho previsto para este mês, mas no dia 15 já começam as férias coletivas da companhia, que vão durar três semanas. "Este ano nos surpreendeu de forma negativa", disse Cortes, destacando que o volume de vendas está abaixo do que era esperado quando o plano de investimento foi formulado. "Assumindo esses números, precisamos de caixa para manter o investimento e precisamos de menos gente". A flexibilização de contratos é colocada como alternativa às demissões.


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Cortes disse ainda que os ajustes de produção feitos até agora não foram suficientes para normalizar os estoques da MAN, que seguem o padrão do mercado, de 45 dias, quando o normal seriam 25. A preocupação fica ainda maior, diz, com a incerteza sobre o anúncio do Programa de Sustentação do Investimento (PSI) e suas condições - que oferecem até o fim deste ano taxas de financiamento subsidiadas. "Se as vendas caírem sem o PSI, os estoques aumentam ainda mais", afirmou. Sem sinalizações do governo sobre as novas condições do Finame/PSI, a fabricante considera que o ano praticamente acabou em termos de vendas.

Segundo o vice-presidente de vendas, marketing e pós-vendas da MAN, Ricardo Alouche, a companhia teve pico de vendas em outubro e novembro, quando o mercado antecipou compras para garantir as condições de financiamento vigentes. O receio da fabricante é que se repita o que aconteceu em dezembro de 2013, quando a demora para anunciar as condições represou as vendas nos primeiros meses do ano seguinte. Para a empresa, a falta de regras é pior do que um anúncio, já esperado, de aumento da taxa.

À incerteza sobre as políticas de incentivo somam-se uma série de fatores que, segundo a direção da MAN, frustraram as expectativas de crescimento para este ano, como o Carnaval tardio, a Copa do Mundo e as eleições, com consequente redução dos dias úteis no exercício.