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Não diferente da situação de quase toda a indústria de veículos, 2014 tem sido um ano difícil nas fábricas de ônibus. O cenário de incertezas - seja em virtude das eleições, seja pela indefinição sobre as concessões dos operadores de linhas de transporte rodoviário interestaduais - soma-se à redução nas encomendas de ônibus escolares pelo governo federal para explicar a baixa de quase 17% das vendas desse setor entre janeiro e setembro. É um percentual que supera tanto os 8,9% negativos dos licenciamentos de carros quanto a queda próxima de 14% dos caminhões.
Mas as encomendas de uma das maiores companhias de transporte por rodovias do país têm ajudado a aliviar esse cenário. Desde julho, 130 ônibus rodoviários foram comprados pelo grupo JCA, dono de empresas de viação como Cometa, 1001 e Catarinense, em pedidos que ainda têm entregas previstas até o mês que vêm.
O maior contrato ficou com a Scania, que está fornecendo 73 dos novos ônibus pedidos pela JCA, o equivalente a quase um mês inteiro de vendas da marca - sua média mensal ronda 80 coletivos neste ano. Outros 40 ônibus, entregues para equipar a frota da Viação Cometa, ficaram com a Mercedes-Benz, enquanto a Volvo levou um lote de 17 unidades. A Mercedes também recebeu recentemente da JCA outra encomenda importante, envolvendo 120 ônibus de circulação urbana, entregues em três lotes de 40 unidades entre agosto, setembro e outubro.
"É uma compra importante, que chega num ano em que todos estão em dificuldade", diz Paulo Corso, diretor de operações comerciais da Marcopolo, responsável pela fabricação das carrocerias dos veículos pedidos pela JCA.
A encomenda é comemorada não apenas pela quantidade, mas também pelo tipo de produto. O segmento rodoviário não é o maior do mercado de coletivos, mas representa o filão onde se pratica preços mais altos, dado o alto nível de equipamentos e tecnologia embarcada dos veículos.
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Só o contrato fechado com a Scania supera R$ 70 milhões e inclui 67 ônibus de dois andares, conhecidos também como "double deckers". A maior parte - cerca de 50 "double deckers" - vai para a frota da Viação Catarinense. "Em termos de perfil de produto, essa venda é uma das mais significativas para a Scania nos últimos dez anos", afirma Ciro Pastore, chefe de vendas de chassis rodoviários da Scania no Brasil.
A compra da JCA faz parte de um programa de renovação das frotas do grupo que já consumiu investimentos de R$ 633 milhões na compra de 1,5 mil ônibus novos desde 2012. O objetivo é reduzir para três anos a idade média de uma frota de quase 3 mil veículos, que no início do ciclo de renovação estava em cinco anos. "Temos como objetivo renovar entre 10% e 15% da frota a cada ano", diz Marcelo Antunes, conselheiro da JCA.
Isso, porém, não tem sido uma constante no setor. Nos últimos seis anos, a possibilidade de perder linhas em licitações do serviço fez com que muitas operadoras de transporte rodoviário interestadual cortassem investimentos em frota. Recentemente, o governo, atendendo a pleito dessas empresas, derrubou o processo de licitação das linhas de transporte entre Estados e definiu que a operação vai se dar sob um sistema de autorização da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).
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