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A indústria de caminhões opera neste ano com nível de ociosidade próximo de 50%, disse hoje o presidente da MAN, Roberto Cortes, durante seminário promovido na capital paulista pela Autodata.
“É uma das maiores [taxas de ociosidade] de nossa história”, afirmou o executivo, que projeta para este ano vendas próximas de 130 mil caminhões no mercado brasileiro, abaixo das mais de 154 mil unidades de 2013.
Se a expectativa no início do ano era de um crescimento na faixa 5% a 7%, a realidade mostra queda de 14% nos licenciamentos de caminhões entre janeiro e setembro.
Cortes lembrou que o mercado foi afetado pelo atraso, no início do ano, da regulamentação das novas condições do crédito a bens de capital do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o Finame — responsável por quase 80% das vendas.
Depois disso, disse, pesaram contra os resultados fatores como a queda na confiança das empresas — a níveis inferiores até mesmo à crise de 2009 — e a desvalorização de produtos primários exportados pelo Brasil, como minério de ferro e soja.
“Isso reduz a propensão a investimentos em frotas de caminhões”, comentou o presidente da MAN, que produz caminhões e ônibus da marca Volkswagen em Resende, no sul do Rio de Janeiro.
Paralelamente, as exportações também vão mal, com queda de 19% nos embarques de caminhões para a Argentina, principal cliente das montadoras brasileiras no exterior. “Neste ano, para nossa infelicidade, os dois mercados vão mal”, disse Cortes.
Ele lembrou ainda que a chegada de novas marcas de caminhões ao país aumentou a concorrência num mercado que já estava “mais do que saturado”.
Diante desse cenário, Cortes lembrou que, além da suspensão de contratos (“layoff”) de 200 trabalhadores, a MAN já deu dois períodos de férias coletivas na fábrica de Resende. Outra parada está prevista para dezembro, mas o executivo adiantou que não há planos de estender as tradicionais férias de fim de ano, como pretende fazer sua maior concorrente, a Mercedes-Benz. “As férias serão normais porque as anormais nós já demos”, disse. “Houve anos que tivemos que cancelar as férias coletivas”, acrescentou Cortes, ao se lembrar de tempos em que as mudanças na programação eram para acelerar a produção.
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O executivo avalia que os ajustes de produção feitos por montadoras devem adequar os estoques até dezembro, o que abre a perspectiva de retomada da produção em 2015.
Cortes também acredita que o setor tem chances de retomar níveis de 2013 – quando as vendas somaram 154,5 mil caminhões e a produção passou das 190 mil unidades – se houver combinação favorável de quatro variáveis: nível de atividade econômica, confiança, estímulos do governo e recuperação de mercados importadores. “Já se essas quatro variáveis não funcionarem, as vendas podem cair”, alertou.
Apesar das dificuldades, Cortes ainda vê potencial de crescimento de 10% ao ano da produção brasileira de veículos comerciais, tendo em vista os investimentos em infraestrutura que precisam ser feitos no país, o crescimento do agronegócio e a necessidade de renovação da frota.
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